Saiba quais fatores aumentam o risco de se lesionar durante uma corrida
Nas últimas décadas temos observado em todo o mundo, incluindo o Brasil, um grande aumento do número de praticantes de atividades esportivas. Muito dessa elevação deve-se à ampla divulgação na mídia e nos meios de comunicação dos benefícios para a saúde, como melhor qualidade de vida e redução do risco de várias doenças, atrelados à prática regular dessas atividades.
A corrida é o terceiro esporte mais praticado no Brasil, com aproximadamente 4 milhões de praticantes. Somente no ano de 2012 houve um crescimento de 15% no número de corredores de rua no Estado de São Paulo. Esse crescimento se justifica pelas características da atividade, que não exige necessariamente habilidades específicas para a prática, e por sua flexibilidade.
Somente os corredores sabem o prazer e a satisfação sentidas antes, durante e após um treino ou uma corrida. No entanto, todos esses efeitos benéficos da prática esportiva devem ser equilibrados com as lesões que são, até certo ponto, inevitáveis e afastam o esportista da atividade que mais ama.
As lesões na corrida são normalmente resultado da combinação de fatores extrínsecos e intrínsecos. Entre os fatores extrínsecos podemos incluir os métodos de treinamento, superfície da corrida e tênis para prática do esporte. Já os fatores intrínsecos, entre outros, são força muscular, alongamento, mau alinhamento do membros inferiores, tipo de pisada e fatores genéticos.
As características do treinamento na corrida são fundamentais na prevenção de lesões. Um treinamento apropriado e individualizado é essencial, visto que 60% de todas as lesões da corrida são resultados do que chamamos em inglês de “doing too much, too soon” (fazendo muita atividade de maneira muito rápida). Ou seja, o atleta, na ânsia de aumentar seu desempenho, acelera o processo natural de evolução do esporte e acaba tendo como resultado lesões por sobrecarga.
Um programa de treinamento ideal deve expor o corredor a doses apropriadas e crescentes de estresse intercalando as mesmas com períodos de repouso (usualmente 24 a 48 horas). Sendo o tempo de descanso considerado tão importante quanto as sessões de treinamento. No entanto, sabemos que atualmente um programa de treinamento é avaliado baseado na performance do atleta e não pela ausência de lesões.
Indivíduos que correm maiores distancias têm mais risco de lesão. No entanto, alguns querem correr mais ou aumentar intensidade e duração de treinos e corridas. Para eles é recomendado um crescimento gradual da intensidade e duração de treinamento, e alguns estudos recomendam aumento de 10% por semana para evitar sobrecarga e lesões.
Desejo a todos uma boa corrida e cuidado com as lesões.
Sobre o Dr. Gustavo Arliani
Doutor Gustavo Arliani é ortopedista especialista em traumatologia formado pela Universidade Federal de São Paulo. É um dos autores do livro “Classificação em Ortopedia e Traumatologia”, juntamente com Doutor Moisés Cohen e Diego Astur. Gustavo é um dos dez mais bem colocados na prova para o título de especialista em Ortopedia e Traumatologia pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT. [email protected] / drgustavoarliani.com.br