Maratona de Luxemburgo surpreende a cada km, é multifacetada e acaba à noite
A Maratona de Luxemburgo é muito, muito mais que uma maratona noturna. Denominada oficialmente ING Night Marathon Luxembourg, chegou no dia 11 de maio de 2024 à 17ª edição, na qual ficou evidente que não necessariamente é a fase noturna o ponto alto. Por mais que participar de uma maratona à noite seja algo bem inusitado, que chame atenção de corredores de 124 nações, o que se viu antes antes do pôr do sol foi um espetáculo promovido pelos próprios luxemburgueses.
Locutor cantou até “Ai, se eu te pego”; assista ao vídeo curto:
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No bairro residencial de Limpertsberg, no noroeste da capital do Grão-Ducado de Luxemburgo (Europa), um dos menores países do mundo, famílias foram à porta de casa a fim de acompanhar a corrida – e mais que isso: apoiar os participantes. Em alguns lugares, parecia até “Copa do Mundo”, com crianças deixando mensagens, escritas a giz no asfalto, para os corredores. O clima era o de uma grande festa comunitária ao ar livre, encerrando alegremente o sábado, uma vez que já eram mais de 19h30.
Não foram poucas as ocasiões em que as crianças deixaram a mão para cumprimentar os participantes, e algumas delas até incorporaram a maratona a alguma brincadeira. A ING Night Marathon Luxembourg trouxe o esporte a elas, à casa delas, e as tornou parte de um grande evento, algo a ser levado para toda a vida delas.
Ainda em Limpertsberg, parte iniciada no km 7 que durou pouco mais de seis quilômetros, os corredores foram entretidos por apresentações artísticas – as quais, na verdade, estiveram presentes ao decorrer da prova.
Na largada, autorizada às 19h, quando fazia cerca de 22ºC, no centro de exposições Luxexpo The Box, já deu para perceber que a maioria dos atletas era composta por inscritos na meia maratona (21,097 km). Os maratonistas, embora fossem minoria, teriam pela frente um desafio muito maior, já que não se tratava apenas do dobro da distância: o percurso da maratona (42,195 km) ficaria mais difícil justamente quando os maratonistas estivessem sem a companhia dos colegas de 21k. A certa altura, restariam os maratonistas e os membros das equipes inscritas na maratona de revezamento.
O primeiro trecho da multifacetada e cheia de curvas Maratona de Luxemburgo foi o do Kirchberg, distrito em que existem modernos edifícios, que nos fazem lembrar de que, apesar de pequeno, o Grão-Ducado de Luxemburgo é financeiramente próspero. A modernidade de Kirchberg contrasta-se com a antiga (e conservada) região central, onde se deu a terceira fase da prova – a segunda foi a de Limpertsberg.
Foi no Ville-Haute, “coração” da região central, que um grupo tocando samba deixou clara a influência brasileira, com a bandeira do Brasil pintada em um instrumento.
Foi ali que turistas misturavam-se mais aos luxemburgueses, assistindo à maratona antes do jantar, por exemplo. Como quinta-feira, 9 de maio, tinha sido Dia da Europa, tratava-se de feriado prolongado, e a cidade estava com grande ocupação hoteleira – não só por causa da maratona.
E também ali, por volta do km 15, os inscritos na maratona tiveram de tomar uma decisão: tentar completar os 42,195 km ou optar pelos 21,097 km, recebendo ainda medalha dos 21k. A separação das distâncias, portanto, foi efetuada naquele momento.
Quem tomou a decisão de manter-se na maratona foi amplamente recompensado: já com a noite se aproximando, depois de correr dentro do Parque Municipal, em via estreita, e em outro bairro residencial, Belair, teve uma experiência única quase no 28º quilômetro: a passagem pela passarela elevada, com jeito de túnel, sob a pista principal da ponte Adolphe, construída no começo do século XX.
No 29º quilômetro, iniciou-se uma descida, feita já à noite pela maioria dos participantes, que, em seguida, correram às margens do rio Pétrusse, observando as fortificações. Na parte mais singular da prova, o silêncio “dava um tempo” às vezes graças a uma atração musical. Os maratonistas precisaram tomar cuidado em alguns trechos mais escuros para não tropeçar. Especialmente em uma rampa em zigue-zague, tiveram a confirmação de que não se tratava de uma prova para a obtenção de recordes pessoais, mas de experiências. Leia também: Maratona de Luxemburgo oferece ao atleta a chance de correr além do RP.
O desafio foi amplificado por volta do km 31, quando uma subida gradual foi iniciada, só terminando a poucos metros da chegada, com ganho de pouco mais de 100 metros de altitude. Foi no último quarto de prova que os corredores viram de perto a vida noturna luxemburguesa, com os “baladeiros” interagindo com eles em vários momentos – até chamando-os pelo nome, uma vez que o nome de cada atleta estava impresso no número de peito. Enfim, na altura do km 37, voltaram ao caminho que os levaria de volta a Kirchberg e, é claro, ao Luxexpo.
Antes de chegarem ao pavilhão onde estava montado o pórtico de chegada, os maratonistas, já no último quilômetro, viram tochas e cada vez mais luzes. Ao entrarem na seção final, uma chegada apoteótica os aguardava, com DJ animado e música contagiante. Ao fim dos 42,195 km, caminharam pela área onde havia acontecido a entrega de kits, receberam uma bela medalha, retiraram pertences no guarda-volumes e puderam acompanhar, ao lado da pista, a conclusão da corrida dos demais atletas. E voltaram para casa ou para o hotel de transporte público. E de graça, pois em Luxemburgo assim o é para todos.
A cobertura da Maratona de ING Night Marathon Luxembourg encerrou uma série de três que o Esportividade fez na Europa nos meses de abril e maio de 2024. A Vienna City Marathon, em 21 de abril de 2024, foi a primeira delas; a Maratona de Copenhague, em 5 de maio, a segunda.
Nas três maratonas, o Esportividade foi apoiado pelas empresas organizadoras, VCM Group, Sparta e Step by Step. A cobertura da Maratona de Copenhague, patrocinada pela Nike, teve ainda o apoio da Embaixada Real da Dinamarca no Brasil. Andrei e Renata se prepararam para o desafio em parceria com ClassPass. O guia esportivo contou também com o apoio da Opticalia, marca espanhola de eyewear que chegou recentemente ao Brasil e pretende revolucionar o mercado de óculos.
Nesta temporada, o guia esportivo mostrou como corredores dos “quatro cantos do mundo” unem-se nas maratonas. Não importa o país de origem do atleta: a corrida de rua é o elemento que os conecta, e um incentiva o outro.