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Futebol 10/11/2015

Futebol feminino não existe… Futebol é um só, e a igualdade começa aqui

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Seleção brasileira feminina de futebol nos Jogos Pan-Americanos-2015 (Rafael Ribeiro/CBF)

Seleção brasileira feminina de futebol nos Jogos Pan-Americanos-2015 (Rafael Ribeiro/CBF)

Não existe futebol feminino. Por mais estranha que pareça essa afirmação, ela é verdadeira, pois também não existe futebol masculino. O que há é o futebol.

A expressão “futebol feminino” nasceu da necessidade de se referir aos jogos femininos da modalidade de uma maneira mais concisa, com o uso de apenas duas palavras. Não é, no entanto, muito apropriada.

“Feminino” é um adjetivo, e adjetivos, segundo o dicionário Houaiss, “servem para modificar um substantivo, acrescentando uma qualidade, uma extensão ou uma quantidade àquilo que eles nomeiam”. Assim, quando se fala de “futebol feminino”, dá-se uma característica não existente ao futebol.

A Fifa não criou regulamentos distintos para homens e para mulheres. Em “Regras do Jogo” 2015/2016, diz que “as referências ao sexo masculino sobre árbitros, assistentes, jogadores e delegados técnicos são para simplificação e valem tanto para homens como para mulheres”.

O mesmo dicionário Houaiss assim define futebol: “Esporte disputado em dois tempos, de 45 minutos cada um, por duas equipes de 11 jogadores, no qual é proibido (exceto aos goleiros, quando dentro da sua área) o uso dos braços e mãos e cujo objetivo é fazer entrar uma bola no gol do adversário”.

Ou seja, futebol é futebol, não importa o gênero de quem o pratique. O que muda, no entanto, é o campeonato. A Copa do Mundo para mulheres não pode ser disputada por homens, é claro. A expressão mais adequada é “Copa do Mundo feminina de futebol”, não “Copa do Mundo de futebol feminino”. A ordem dos fatores aqui altera o produto.

Uma mudança na forma de abordagem não tem neste momento um efeito prático para alterar a realidade das milhões de mulheres que jogam futebol e deveriam ser mais valorizadas, mas a partir de sutis alterações como essa a percepção da sociedade sobre jogos futebolísticos femininos podem começar a ficar diferentes. As diferenças de estilo de jogo não são suficientes para que exista um “futebol feminino”. “Futebol” é tanto para elas como para eles. É a modalidade em si, independentemente de quem a pratica, que é tão apaixonante.

Expressões como “jogo feminino”, “seleção feminina” e “campeonato feminino” deveriam ser mais utilizadas pelos veículos de comunicação. E quanto menos “futebol feminino”, que, como foi dito, não existe, melhor.

Este site se propõe a evitar o uso de “futebol feminino” de agora em diante.

Comentários


  • O futebol feminino tem crescido bastante nos últimos anos e certamente há um grande potencial para seu desenvolvimento e sucesso no futuro. As jogadoras têm se destacado cada vez mais e ganhando maior reconhecimento, tanto em nível nacional quanto internacional.

    No Brasil, por exemplo, a Seleção Brasileira Feminina tem um histórico de excelência, com participações em todas as Copas do Mundo até o momento e conquistas importantes em campeonatos sul-americanos e pan-americanos. Além disso, o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino tem ganhado cada vez mais visibilidade e investimentos, com clubes de futebol criando equipes femininas e disputando a competição.

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