Etapa do Ceret do Circuito Popular faz reviver memória de correr ‘em casa’
Quando mais nova, frequentava o Ceret (Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador), localizado no Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo. Foi lá que aprendi a dar meus primeiros trotes; foi lá também que descobri que a corrida não era simplesmente calçar um tênis e começar a correr. De volta, após vários anos sem o frequentar, participei da primeira etapa do Circuito Popular de corrida de rua da cidade de São Paulo no dia 23 de dezembro de 2023. Mais sete etapas serão realizadas até março de 2024 em outros locais da cidade.
O Ceret representa importantes lembranças para mim – de criança, quando meus pais me levavam lá para “pular Carnaval” (tenho uma memória vívida dessa época: marchinhas tocando e eu, vestindo uma fantasia vermelha de odalisca, pegava os confetes caídos do chão e os jogava para o alto), até a fase adulta, quando entrei no mundo das corridas.
Fazendo parte, nesse último período, de duas assessorias esportivas que treinavam lá, percorri, inúmeras vezes, as subidas e as descidas fortes que compõem uma volta completa no centro esportivo. Os treinos, realizados sempre no período noturno e durante a semana, traziam uma atmosfera diferente ao Ceret; muitas vezes, terminávamos os exercícios com o centro ocupado por apenas alguns poucos esportistas.
De volta, mas desta vez para correr, vi um Ceret completamente diferente. Pouco mais de mil pessoas passaram pela entrada principal, a dos arcos com a icônica réplica da estátua de Davi, para se aproximar do pórtico de largada. Os 5 km que seriam percorridos pelos que escolheram aquela como última ou uma das últimas provas do ano eram compostos por duas voltas no local. A primeira descida tinha uma vista privilegiada para duas piscinas incríveis. Depois do retorno, no início de uma subidinha puxada, era possível ver as quadras de vôlei e o campo de futebol. Retornando para o local de largada para a segunda volta, também dava para ver, lá de cima, a recém-inaugurada pista de atletismo do Ceret.
Mesmo conhecendo muito bem o centro esportivo, me vi surpreendida em como as copas das árvores, de ambos os lados da pista, são altas e grandes a ponto de formar um imenso caminho de sombras. Os treinos noturnos do passado me impediam de sentir os raios de sol tentando invadir a pista pelos espacinhos entre as folhas. Antes de abrir a segunda volta, avistei meus pais vendo os corredores passarem.
Sabendo o trajeto que me aguardava – feito totalmente dentro do Ceret –, aproveitei cada momento desse segundo trecho. Abaixei o som dos fones de ouvido e consegui sentir e ouvir as pessoas. Em uma via de vai e vem, estiquei minha mão e recebi em troca vários “toques” de completos estranhos. Já na última subida, em que precisei caminhar, conheci a Dilma, participante que, entre uns trotinhos e umas corridinhas, segundo ela me disse, era capaz de cruzar a linha de chegada. Antes de me despedir, ainda ouvi ela me dizer: “O importante é não desistir jamais”.
Já na reta final, uma corredora ao meu lado ameaçava caminhar. Grudei nela e lhe disse: “A gente consegue”. E, juntas, sem desistir jamais, corremos a nossa verdade, no nosso ritmo, no nosso pace, e conseguimos finalizar a prova. Caminhando de volta à entrada para retirar minha medalha, ao olhar em volta, um saudosismo daquela época me ocorreu – além da gratidão de, finalmente, voltar para “casa”.
Assista ao vídeo curto da etapa do Ceret:
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Entre janeiro de 2024 e março de 2024, haverá outras sete etapas do Circuito Popular, todas elas com inscrições gratuitas. Acompanhe as notícias do CP clicando aqui.
Leia mais sobre a 1ª etapa:
Circuito Popular, com inscrições grátis, é aberto com clima leve e corrida pesada
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