Correção de resultado cria clima inusitado no Troféu Brasil de atletismo
A olho nu foi dificílimo compreender a ordem de classificação da final masculina dos 100 metros rasos do Troféu Brasil Caixa. Já no primeiro dia da tradicional competição de atletismo, quinta-feira (9), houve um dos momentos mais inusitados dos últimos tempos do esporte nacional. No estádio Ícaro de Castro Mello, o do Ibirapuera, nem sequer os próprios atletas tinham certeza de sua posição: o telão exibiu um resultado e, depois de a cronometragem tê-lo corrigido, outro. O que se podia cravar era vitória de Bruno Lins.
Para se ter uma ideia da competitividade da prova, o vencedor correu os cem metros em 10s48; o oitavo e último colocado, Sandro Viana, em 10s70.
O clima ao fim da prova era de total descontração entre os atletas participantes. Quando houve a correção do resultado, no mesmo momento da entrevista coletiva de Ana Cláudia Lemos, vencedora da corrida feminina, a gritaria era grande entre os homens, mas na base da camaradagem e da celebração.
“A final é aquela tensão, aquele nervosismo total. Foi tão apertada que quem estava em segundo [no placar] foi para terceiro; quem estava em quinto foi para segundo. Nunca tinha visto essa loucura, essa mudança de resultado. Saí muito mal, e vim recuperando, recuperando e passei. Ainda bem que não mexeram em mim no placar [risos]”, disse Bruno, em 2011 campeão, em 2012 e 2013 vice e agora de novo vencedor. Na semifinal havia feito 10s33.
Segundo colocado, Jackson Cesar da Silva, com 10s50, havia até ficado constrangido pelo fato de ter comemorado e aparecido em quinto. “Pelo primeiro placar cheguei em quinto, mas achei estranho porque comemorei. Quando passei pela linha de chegada olhei para o lado e não vi ninguém – você tem essa consciência durante a prova. Quando eu apareci em quinto, fiquei até um pouco sem graça. Daí pensei em sair pelo cantinho, pegar minhas coisas. Em primeiro lugar, independentemente da colocação, não senti dor, o que agradeci a Deus. Daí placar mudou”, afirmou.
Jackson, companheiro do vencedor na equipe paulista Fundação de Ciência, Tecnologia e Ensino, também afirmou: “O Bruno é um exemplo. Treino com o cara, que nos incentiva durante todo o tempo. Foi difícil. Eu mesmo só vou acreditar quando estiver com a medalha no meu peito”.
O Troféu Brasil Caixa de atletismo vai até este domingo. O público tem livre acesso às arquibancadas do estádio do Ibirapuera, em São Paulo.