Maratona de Buenos Aires é prato cheio para brasileiros correrem (e comerem)

Maratona de Buenos Aires, uma das maiores e mais importantes da América Latina (Fotorun)
A Maratona de Buenos Aires é muito mais que uma prova de 42,195 km favorável à obtenção de recorde pessoal, o famoso RP. É também uma belíssima oportunidade de “maraturismo” para os corredores amadores brasileiros, uma vez que, além de o evento ser grandioso (um dos maiores da América do Sul), a capital argentina é, literalmente, um prato cheio para o turista, com opções gastronômicas que tornam a viagem uma delícia, seja pelo doce dos alfajores e do doce de leite, seja pelo salgado das suculentas carnes argentinas, como o bife de chorizo. E tudo isso a poucas horas de São Paulo, por exemplo. O Esportividade viajou a Buenos Aires em parceria com o Visit Buenos Aires no mês de setembro de 2025, participando da Maratona de Buenos Aires, em que obtive RP.
Assista ao vídeo curto mostrando Buenos Aires por meio da maratona:
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Buenos Aires é o primeiro destino internacional de muitos brasileiros – e este foi meu caso há 21 anos, em 2004 – pelas facilidades de transporte (levamos só 2h30min de voo da Air Canada de Guarulhos a Ezeiza) e linguísticas (é possível “dar um jeito” de se comunicar mesmo sem falar espanhol) e pelos encantos da cidade. Quanto a aeroportos, pode-se optar também pelo Aeroparque, que, aliás, fica relativamente próximo ao ponto de largada e chegada da maratona. Ezeiza está mais distante, a cerca de 33 km da Casa Rosada, por exemplo, mas os preços dos voos costumam ser mais baixos. Chegando ao Ministro Pistarini (Ezeiza), você pode chamar um motorista via aplicativo.

Rua Florida (calle Florida), em Buenos Aires (Esportividade)
A maior vantagem de a viagem ser curta é o fato de poder aproveitar o que cidade oferece de melhor já no primeiro dia, sem necessidade de adaptação ao fuso horário – também é GMT-3. Nesse sentido, é como se o “maraturista” estivesse ainda no Brasil. Brasileiros participantes de maratonas europeias, por exemplo, precisam se poupar bem mais devido ao cansaço da viagem de avião e ao fuso horário. Já na capital argentina, podem se permitir ser um pouco mais “maraturistas” pré-prova – e bastante depois dela.

Güerrín, tradicional pizzaria localizada na avenida Corrientes, em Buenos Aires (Esportividade)
Corredores precisam de muito carboidrato antes de uma prova, especialmente uma tão longa quanto uma maratona, e Buenos Aires é uma cidade em que se come bem… Muito bem! Assim como São Paulo, Buenos Aires recebeu muitos imigrantes italianos e, consequentemente, existem diversos restaurantes cujo ponto forte são as massas. É assim na Güerrín, pizzaria fundada em 1932 e localizada na avenida Corrientes, a “Broadway” argentina. A Güerrín é enorme e, mesmo assim, fica cheia; chegue, então, ao estabelecimento antes das 19h30.

Puerto Madero, onde há vários restaurantes, em Buenos Aires (Esportividade)
Você encontra uma ampla variedade gastronômica no Porto Madero (Puerto Madero), zona restaurada da cidade que se tornou um polo gastronômico, a poucos metros da Casa Rosada, sede do poder executivo (presidência), e da praça de Maio (plaza de Mayo). Em geral, os restaurantes aceitam cartões de débito do estilo “conta internacional”, que são a melhor opção para o turista hoje em dia.

Ponte da Mulher, em Buenos Aires (Esportividade)
No Porto Madero você atravessa a ponte da Mulher (puente de la Mujer) e observa um projeto de revitalização urbana, iniciado no fim do século XX, muito bem-sucedido – é, sem dúvidas, um exemplo para São Paulo.

Renata e Andrei no Buenos Aires Museo – Museo de la Ciudad (Esportividade)
A história de Buenos Aires está contada no Buenos Aires Museo, Museo de la Ciudad. Como fica a apenas a 200 metros da praça de Maio, os “maraturistas” podem colocar esse museu no roteiro turístico pré-evento sem necessidade de locomoção extra.
E onde se hospedar? Nós nos hospedamos no bairro de San Telmo, nessa mesma região que acabei de mencionar, e foi delicioso, pois lá existem muitos bons restaurantes e lojas que vendem alfajores e doce de leite – e as mais variadas combinações são encontradas lá, como doce de leite com framboesa e doce de leite com chocolate. Por outro lado, se você se hospedar lá, você ficará mais distante do parque onde se dá a entrega de kits, o Sarmiento, e da área de largada e chegada, situada entre o Aeroparque e o Hipódromo Argentino de Palermo.

Largada da elite masculina da Maratona de Buenos Aires de 2025 (Fotorun)
Se você não se hospedar em Palermo, por exemplo, você precisará se programar para não perder o horário de largada – geralmente, 7h. Como muitas vias ficam fechadas aos veículos muito antes disso no domingo da Maratona de Buenos Aires (em espanhol, Maratón de Buenos Aires, no masculino), não adianta informar ao motorista “de aplicativo” o endereço da “arena” (avenida Presidente Figueroa Alcorta com avenida Dorrengo). É aconselhável, portanto, inserir no app endereço a cerca de 2 km, como a praça Itália, e caminhar até lá.
Esse é o mesmo ponto de largada da Meia Maratona de Buenos Aires (21k de Buenos Aires), corrida de rua que também é organizada pela Asociación Ñandú e geralmente acontece em agosto. Nos dois eventos, só existe uma distância: 21,097 km (agosto) e 42,195 km (setembro).

Andrei Spinassé, um dos brasileiros que participaram da Maratona de Buenos Aires em 2025 (Fotorun)
Para que pegar um ônibus turístico se você pode conhecer Buenos Aires correndo? A Maratona de Buenos Aires é, desde o começo, um tour pela capital argentina. Com pouco mais de 3 km de prova, o participante já chega ao Monumental de Núñez, estádio do River Plate. Com 12 km, retorna aonde largou, e a partir daí outra fase “turística” se dá.

Obelisco ao fundo durante Maratona de Buenos Aires (Fotorun)
Antes mesmo metade da prova, os corredores se veem em meio a uma sequência de cartões-postais arrebatadora: Obelisco, avenida Corrientes, praça de Maio e Casa Rosada. Além disso, contemplam os belos edifícios antigos. Há muito o que ver e apreciar ali, e o tempo parece “voar” para os maratonistas – em uma fase da corrida em que a maioria ainda tem muita energia guardada.

Andrei Spinassé corre (e grava) passando pela praça de Maio e pela Casa Rosada (Esportividade)
Não contemplou adequadamente a Casa Rosada? Não tem problema: após a placa dos 24 km concluídos, você tem outra chance de vê-la de perto. Depois disso, começa a terceira fase, digamos assim, da maratona: a ida ao bairro La Boca, onde ficam La Bombonera, do Boca Juniors, e Caminito, considerada uma rua-museu. Os atletas avistam o estádio entre o km 27 e o 28 e são entretidos por uma animada torcida.

“A partir daqui, corra com o coração”: placa para participantes da Maratona de Buenos Aires (Esportividade)
A etapa da maratona em que a força mental se faz mais necessária é a seguinte e consiste na volta ao ponto inicial. E o Porto Madero? É aqui que ele entra. Os corredores passam por uma ponte dele no 34º quilômetro, momento-chave da prova. Bem nessa hora decisiva existe a presença de espectadores.

Andrei Spinassé nos últimos metros da Maratona de Buenos Aires de 2025 (Fotorun)
É preciso, no entanto, manter a concentração, porque o seguinte é um dos trechos mais duros, sob viaduto e às vezes com vento no sentido contrário. O desafio é acentuado entre o km 40 e o km 41, logo depois da passagem sob a autopista Presidente Arturo Umberto Illia, pois ali encontra-se uma das poucas subidas da prova. Uma curva à direita leva o corredor à glória, ao último quilômetro dos 42,195 km. E pode até ser mais rápido do que vinha sendo, pois está prestes a completar a icônica Maratona de Buenos Aires.

Medalhas da Maratona de Buenos Aires de 2025 (Fotorun)
Foi a maior conquista da minha trajetória como corredor amador, já que, na minha 14ª maratona, consegui pela primeira vez terminar a prova em menos de 3h30min: 3h29min01, para ser mais exato, com ritmo médio de 4min57s por quilômetro. As condições contribuíram para a obtenção do RP: a temperatura, por exemplo, esteve abaixo de 15ºC durante toda a corrida em 21 de setembro de 2025.

Bife de chorizo, batatas fritas, vinho e medalha da Maratona de Buenos Aires de 2025 (Esportividade)
Para comemorar essa conquista pessoal, nada melhor do que uma boa carne argentina, como bife de chorizo, e um bom vinho, e foi isso o que Renata Sá e eu fizemos no domingo à noite ali mesmo em San Telmo.

Renata, Andrei, Mafalda e medalha da Maratona de Buenos Aires de 2025 (Esportividade)
Levamos a medalha “para passear”, e no caminho “encontramos” a Mafalda, personagem criada pelo humorista gráfico argentino Quino.

Participantes da Maratona de Buenos Aires: brasileiros fazem parte do pelotão (Fotorun)
Em 2025, 12.774 atletas concluíram a Maratona de Buenos Aires com tempo oficialmente registrado. A quantidade de brasileiros impressiona: cerca de 14,8% dos participantes. O percentual de estrangeiros também foi alto, 30%, com os brasileiros sendo quase metade deles (49%). E 1.891 brasileiros figuraram na classificação geral da Maratona de Buenos Aires de 2025.

Com Casa Rosada e praça de Maio ao fundo, atletas correm na Maratona de Buenos Aires (Esportividade)
Algumas outras informações relevantes: em 2025, as inscrições foram colocadas à venda por 100 dólares para estrangeiros, mas as para a prova de 2026 ainda não estão abertas; voos diretos de Guarulhos para Ezeiza normalmente custam ao menos cerca de R$ 1.300; por causa do Mercosul, não há necessidade de passaporte para entrar na Argentina, bastando a apresentação de RG brasileiro; durante a maratona, há alternância entre posto de hidratação com água (entregue em garrafa de plástico fechada) e ponto com bebida isotônica; a camiseta da edição de 2025 é do modelo regata; por último, mas não menos importante: para participar da corrida, é preciso apresentar liberação médica, enviando o documento com antecedência à plataforma de inscrição.

Andrei Spinassé corre na Maratona de Buenos Aires de 2025 (Fotorun)
A cobertura da Maratona de Buenos Aires de 2025 feita pelo Esportividade foi apoiada e proporcionada pelo Visit Buenos Aires.