Tema de documentário, Marcos atribui idolatria à permanência no Palmeiras
Marcos, ex-goleiro do Palmeiras e da seleção brasileira, agora é protagonista de documentário. Estreia neste mês em cinemas paulistanos “Santo Marcos”, filme cuja duração é de 1h12min, uma referência ao número 12 da camisa do jogador. Em entrevista coletiva logo depois da pré-estreia, o palmeirense disse ter ficado inseguro sobre o projeto quando lhe foi apresentada a ideia, pois outros grandes atletas da história do clube não tiveram algo semelhante. Topou, porém, participar dele após alguns meses. Embora no documentário sejam destacados seus “milagres”, as belas defesas, Marcos tem uma visão diferente sobre o que definiu sua condição de grande ídolo palmeirense: a fidelidade para com o clube.
Em janeiro de 2003, Marcos era um dos mais cobiçados goleiros do mercado. Havia sido campeão mundial com a seleção brasileira em 2002 e recebido uma proposta do Arsenal, da Inglaterra, de quase US$ 4 milhões. Continuou, no entanto, no Palmeiras, que naquele ano disputaria a Série B do Brasileiro.
Não foram os resultados em campo que, segundo Marcos, foram o fator determinante para que os torcedores o admirassem. “Não consegui ser campeão brasileiro de Série A com o Palmeiras. O fato de eu ser um ídolo da torcida se deve muito pouco aos títulos. Não peguei uma geração de muitas conquistas. Vencemos a Libertadores de 1999, o Rio-São Paulo de 2000 e o Paulista de 2008. Talvez a idolatria tenha sido mais pela opção de ter sido campeão do mundo e permanecido no clube”, afirmou.
“Pode ter muita gente melhor do que eu, mas será difícil vermos no mundo um cara campeão do mundo permanecer no clube para jogar a segunda divisão. É a grande marca da minha carreira dentro do Palmeiras. Essa confiança do torcedor em mim veio de um momento em que eu estava por cima, diferentemente do time, e resolvi continuar nele.”
O ex-goleiro declarou que sua maior frustração foi não ter sido campeão mundial com o Palmeiras. Lembrado também por entrevistas em que cobrava mais empenho da equipe, agora entende que possuía um ímpeto de buscar uma segunda chance no Mundial com os palmeirenses. “Muitas vezes dei entrevistas polêmicas porque, tendo errado contra o Manchester United [em 1999], passei minha vida querendo voltar [ao Mundial de clubes]”, disse. “Às vezes eu acelerava os caras para apagar o que havia acontecido no Mundial e nunca tive condição de retornar lá. Se hoje estou aqui nesta entrevista depois de quase dois anos de aposentado e de um documentário, quer dizer que todas as coisas boas e ruins que aconteceram em minha vida foram certas e que o destino foi muito bom comigo.”
O ídolo palmeirense, segundo o qual foi mais importante para ele ter sido goleiro do Palmeiras do que vencedor da Copa do Mundo, preferia dizer o que sentia: “Quando eu falava, muitas vezes eu criava algum problema para mim, mas eu dormia, porque acredito que guardar as coisas dá câncer”.
Contando a trajetória de Marcos no futebol com a ajuda de depoimentos do ex-goleiro, de ex-companheiros e de ex-adversários, como Marcelinho Carioca e Vampeta, “Santo Marcos” entrará em cartaz em 22 de novembro, na unidade do shopping Bourbon do Espaço Itaú. No dia seguinte, sábado, às 12h12, estará em exibição nas salas Cinemark dos shoppings Eldorado, Higienópolis, Mooca e Santa Cruz.