Sendo ou não um esporte, dança de salão faz bem ao corpo e à autoestima
Se uma pessoa lhe disser que faz dança de salão, você a considerará uma esportista? Muita gente dirá que não, mas existem argumentos suficientes para que se diga que sim.
Esporte, segundo a Unesco, são todas as formas de atividades físicas que, por meio de participação casual ou organizada, têm como objetivo expressar ou melhorar a forma física e o bem-estar mental, formando relações sociais ou obtendo resultados em competições em todos os níveis.
Uma das definições sobre esporte do dicionário Houaiss é esta: “Atividade física regular, com fins de recreação e/ou de manutenção do condicionamento corporal e da saúde”. É perfeitamente possível, então, considerar a dança de salão um esporte mesmo sem uma disputa entre casais.
Existe até uma federação internacional de dança esportiva, modalidade que faz parte dos Jogos Mundiais e “resume-se em equilibrar o aspecto artístico da dança com o atletismo de um esporte fisicamente exigente. O que deve ser compreendido como uma sucessão aparentemente sem esforço de passos ou movimentos é, de fato, um trabalho aeróbico árduo. E a destreza atlética deve se combinar com o talento artístico a fim de que se produza um desempenho encantador”. Estará na próxima edição dos Jogos Mundiais, que será disputada em Breslávia, na Polônia, em 2017.
O que tira a sensação esportiva da dança de salão para muitas pessoas é o que está por trás da entrada da maioria dos dançarinos nesse mundo. A competição está pouco ligada a isso.
Cláudia Albanese, diretora-geral da Cia das Artes, diz que a dança mexe, em primeiro lugar, com a autoestima do dançarino. “Com a pessoa ficando mais para cima, basicamente as coisas entram nos eixos. Normalmente quem entra [na escola] são adultos que nunca dançaram e, às vezes, que têm isso como única atividade física. A dança trabalha bastante o lado emocional da pessoa, faz você transpirar – lhe traz um bem-estar e propicia um ambiente social.”
No entanto, Cláudia não considera a dança de salão um esporte. “Dançar é uma arte. Quando você se propõe a aprender a dançar mesmo sem saber dar ‘dois passos para lá, dois para cá’, procura uma escola e sai dançando, eu chamaria isso de aprendizado”, opinou ela. De acordo com o site dos Jogos Mundiais, a dança se tornou um “esporte verdadeiro” no começo do século XX, quando a empreendedora francesa Camille de Rhynal e um grupo de dançarinos converteram salões de baile em locais de competição.
A dança vai além de notas. “Com ela sua coordenação motora é trabalhada”, afirmou Cláudia. “As pessoas que dançam até se posicionam melhor em uma palestra, por exemplo, porque você se porta de uma maneira diferente, sabe ficar diante de um público, consegue se expressar melhor. As pessoas dançam também para se mostrar, não só para ficar na sala de aula.”
O recomendado, segundo Cláudia, é que o aluno iniciante faça aulas duas vezes por semana – uma hora cada aula. À medida qu evolui, passa a fazer três vezes por semana – duas de dança e uma de aperfeiçoamento. “Você aperfeiçoa o que já sabe a aprende passos novos”, disse. Nas turmas mais adiantadas, a aula passa a ser de uma hora e meia.
Independentemente de não considerar dança um esporte, Cláudia afirma ser uma atividade física poderosa: “Dança de salão emagrece. A pessoa começa a se sentir bonita e come menos, porque já vê que quer estar mais leve para dançar. É um grande passo para quem quer emagrecer, porque mexe muito com a autoestima”. Na Cia das Artes, os alunos iniciantes de dança de salão aprendem bolero, forró, gafieira e zouk.
Modalidades que também são esportivas e artísticas ao mesmo tempo, como a própria ginástica e o nado sincronizado, integram os Jogos Olímpicos.
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