São Paulo - região metropolitana
Futebol 14/12/2015

São-paulinos têm noite catártica no Morumbi após temporada complicada

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Rogério Ceni vibra após fazer gol de pênalti (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Rogério Ceni vibra após fazer gol de pênalti (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

O #PraSempreM1to, evento que na sexta-feira, no estádio do Morumbi, marcou a despedida do goleiro Rogério Ceni dos gramados, teve um efeito catártico nos são-paulinos, ainda mais depois de um ano em que a confiança nos dirigentes do clube esteve seriamente abalada. O dia 11 de dezembro de 2015 não ficará marcado não só pela emocionante homenagem ao agora ex-jogador: também ficará na história do clube paulistano como a data em que os torcedores tricolores sentiram novamente orgulho do time de futebol depois de uma temporada tão tumultuada.

Entre os diversos significados da palavra “catarse” presentes no dicionário Houaiss, destaca-se este: “Liberação de emoções ou tensões reprimidas”. Quando o locutor começou a anunciar os nomes dos jogadores (ou ex) que participariam da partida entre os campeões mundiais de 1992/1993 e os de 2005, foi justamente essa liberação que ocorreu. Os são-paulinos puderam gritar novamente, por exemplo, “Raí, Raí, o terror do Morumbi”, “Olê, olê, olê, olê, Telê, Telê” e “Lugano, Lugano” (pedindo a volta do zagueiro uruguaio), ao mesmo tempo valorizando as glórias do passado e pensando no futuro. O ano de 2015 praticamente não existia para os tricolores naquele momento.

Visto por Raí, Rogério Ceni discursa (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Visto por Raí, Rogério Ceni discursa (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

A cada jogador que entrava em campo, um sentimento aflorava. Embora fosse um evento em homenagem a Ceni, todos os campeões mundiais pelo São Paulo puderam se sentir especiais com tudo aquilo. O próprio Rogério disse para o estádio inteiro ouvir que todos estavam sendo homenageados naquela noite.

Um outro significado de “catarse” é este: “No orfismo e no pitagorismo, período de purificação por que a alma desencarnada deve passar até que, apagadas as marcas dos crimes cometidos em sua última existência material, possa ter acesso a uma realidade superior ou reencarnar em um novo corpo”.

O evento especial também foi catártico para o autor de milhares de defesas importantes e 131 gols. Marcou o início de um processo em que o goleiro Ceni deixou de existir para começar a surgir um novo profissional, que em breve vai assumir uma função ainda indefinida, mas ligada ao esporte e, provavelmente, ao São Paulo, do qual foi funcionário por 25 anos.

Rogério Ceni é erguido por ex-colegas de time de 2005 (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Rogério Ceni é erguido por ex-colegas de time de 2005 (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Outro significado é: “No aristotelismo, descarga de desordens emocionais ou afetos desmedidos a partir da experiência estética oferecida pelo teatro, pela música e pela poesia”. A “experiência estética” do futebol pode ser tão bela quanto a oferecida pelas artes. E ver a despedida de um dos maiores ícones disso é uma catarse também. Rogério fazia grandes defesas e marcava gols de falta às vezes tão belos quanto os dos principais atacantes da modalidade.

Embora o torcedor são-paulino vá sentir a falta de Ceni, a festa de despedida dele causou um bem enorme à paixão pelo clube. Justamente quando mais o clube e a torcida precisavam disso.

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