Rolling Stone Music & Run deixa atletas indignados; faltou até camiseta
Rock and roll para os fãs do gênero musical é sinônimo de atitude e contestação. No entanto, eles não imaginavam que teriam de “lutar contra o sistema” justamente em um evento em que o estilo seria homenageado. A Rolling Stone Music & Run foi um grande teste de paciência e de resistência antes mesmo de ser dada a largada da corrida de rua noturna. Dezenas de relatos de indignação já eram lidos nas redes sociais na sexta-feira, dia 6 de novembro, e se acentuaram no sábado, 7 de novembro, data da prova em São Paulo. Problemas com kit e a corrida em si deixaram atletas furiosos.
- Outra prova com cerveja tem inscrições abertas:
Atletas bebem cerveja antes e depois de corrida em Santo André
Não faltaram reclamações antes e depois do evento. “Na sexta-feira fui até o local da retirada do kit, em uma concessionária de carros nos Jardins, e já na porta uma promotora avisava que a espera para retirada seria de duas horas na fila devido ao atendimento às assessorias esportivas. Mas ela me informou que poderia retirar o kit no próprio local da corrida, e a única observação foi que teria de chegar às 19h ao Memorial da América Latina”, contou Edson Lima.
“Ontem [sábado, dia 7], na chegada ao Memorial, por volta das 18h20, fui barrado com mais uma centena de pessoas que também estava sem kit, e os seguranças e agência organizadora só deixavam entrar quem estivesse com a camiseta e o número de peito. Apenas liberaram a nossa entrada às 19h; mas aí houve mais uma surpresa desagradável: os números de peito, os chips e as camisetas da corrida não estavam disponíveis. Disseram-nos que estavam em deslocamento e pediram que retornássemos mais tarde.”
“Voltei ao local de retirada do kit por volta das 20h30 e, para meu desconsolo total, só haviam chegado número de peito e o chip. As camisetas masculinas tinham acabado. Pediram que eu deixasse meu nome, telefone e e-mail para posteriormente enviarem a camiseta via Sedex. Quero só ver se vão mandá-la mesmo”, afirmou Edson.
A corredora Chris Bombonato publicou na página da Sx2 Eventos Esportivos, contratada pela Spring Publicações, no Facebook: “Estou bastante aborrecida com a corrida realizada pela revista neste dia 7. Houve muita desorganização em toda a prova. Mais da metade dela não pôde ser corrida. Muitas pessoas fazendo caminhada, ruas escuras no percurso, percurso mal feito, estreito, que não comportava o número de pessoas inscritas. Eu vi muitas pessoas machucadas, caídas no chão. Havia tanta gente que as pessoas tropeçavam umas nas outras. Meu pé foi chutado diversas vezes no percurso, e muitas pessoas correram na contramão, em local que não estava isolado o trânsito, ou seja, correram riscos reais de se machucarem seriamente”.
“Show [Ultraje a Rigor] e distribuição da cerveja [open bar pós-prova] foram ótimos, mas chamar esse evento de corrida me deixou indignada. Não tive problemas com a retirada do kit, mas ouvi de muitos amigos que foi o caos com falta de camiseta e desorganização (com muitas filas).”
“Uma coisa que eu percebi também foi a diferença entre o kit exposto, com a bolsa em jeans, e o entregue, com uma sacolinha vagabunda, ou seja, [houve uma] propaganda enganosa. Participo de corridas há mais de dez anos e eu nunca estive em um evento de corrida tão mal feito e desorganizado. Nem as corridas gratuitas da prefeitura são tão bagunçadas e mal feitas. Em 2014 já havia percebido um excesso de pessoas, mas foi menos pior no ano passado. Gostaria de receber um retorno a respeito disso, uma vez que nós já fomos muito desrespeitados nesse evento e uma resposta é devida”, escreveu a psicóloga.
O professor Augusto Roque notou outro ponto problemático da retirada de kit: “A corrida em si foi bem desorganizada. A entrega dos kits foi iniciada um dia antes da prova e em somente um lugar. Isso gerou muitas filas e multas para os carros que estacionaram na concessionária, que não tinha estacionamento. Na sexta-feira, por volta das 11h30, a fila durava em torno de 1h e mais no fim do dia, 2h30”.
As inscrições para os 5 km e para os 10 km custavam R$ 109 (e ainda era adicionada a esse valor uma taxa de serviço) e a ilustração do kit mostrava uma sacola inspirada em calças jeans, mas na realidade outro material, bem menos “rock and roll”, foi utilizado. Houve relatos de pessoas que receberam camisetas da etapa de Curitiba, a próxima ser realizada, em vez da de São Paulo. Ocorreu ainda show da banda Hey Jude, que faz cover de Beatles.
Organização admite erros
A reportagem do Esportividade entrou em contato com a Spring Editora, que publica a revista Rolling Stone no Brasil. A empresa admitiu as falhas e disse que enviará por correio as camisetas aos que ficaram sem. Afirmou ter tido problemas com os principais fornecedores e precisado fazer trocas no meio do caminho. Ela recebeu uma quantidade de camisetas que não se mostrou adequada, e faltaram camisetas masculinas e sobraram femininas. Não previu corretamente quantas pessoas retirariam o kit na sexta-feira, 6 de novembro, o que sobrecarregou a entrega nesse dia.
O local da Rolling Stone Music & Run, segundo a própria Spring, também não foi o mais adequado para o tamanho dele (7 mil inscritos). Para o próximo ano vai tentar mudar de lugar de realização ou reduzir a prova.
A Spring notou no sábado, além disso, um número maior de caminhantes em comparação com a edição de 2014, o que atrapalhou a prova de quem a fez buscando seu melhor tempo.
A editora vai mandar um e-mail a todos os participantes se desculpando. No entanto, afirma que, na “arena do evento”, entregou um bom espetáculo, até mesmo na relação custo-benefício.
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Desculpa não adianta, quero meu $ de volta, não paguei pra receber aquela sacolinha vagabunda! Ou devolvem o $ ou processo por propaganda enganosa e peço danos morais por ter ficado 2 h na garoa aguardando o kit e sendo desrespeitada enquanto consumidora e ser humano. Absurdo, nunca mais participo! Quero meu $ de volta, desculpa não adianta.