Reformulação de estádio palmeirense se assemelha em significado à de 33
“O aspecto atual do estádio já é impressionante. Na entrada, o espectador notará numerosas bilheterias, 32 ao todo, para um serviço mais rápido e cômodo e, bem assim, quatro grandes portões de acesso.” Esse trecho não se refere à construção do Allianz Parque, mas à estreia do Palestra Itália, tratada como inauguração na época, após sua primeira grande reforma. A primeira frase da reportagem da Folha da Manhã de 9 de agosto de 1933, porém, poderia ser aplicada às obras no novo estádio palmeirense, que fica exatamente no mesmo lugar do antigo.
Em 13 de agosto de 1933, uma goleada do Palestra Itália sobre o carioca Bangu por 6 a 0, vista por 40 mil pessoas, marcou a reabertura do Parque Antáctica após obras para melhoria da infraestrutura, que, naquele dia, ainda não estavam totalmente concluídas. O campo, entretanto, já era muito usado e não só pelo atual Palmeiras, pois a Companhia Antarctica Paulista, quando era dona do local, o locava para clubes como o Germânia, atual Pinheiros, e o América. O Palestra Itália, com a ajuda da Companhia Matarazzo, adquiriu em 1920 o campo e boa parte do terreno de seu futuro clube. No entanto, por mais de uma década, era até difícil chamar aquilo de estádio, pois a estrutura era precária, com arquibancada geral e “cerca” ainda de madeira.
Naquele dia da goleada, porém, um novo capítulo na história do popularmente conhecido como Parque Antactica foi iniciado, pois foi aberta ao público uma arquibancada de cimento armado com cerca de 40 metros, com 19 degraus, em cuja base, em toda sua extensão, estava presente uma passagem de aproximadamente três metros. Sob essa arquibancada estavam localizadas todas as acomodações para os jogadores e outras instalações. Com janelas de frente para os bastidores da arquibancada ficavam a rouparia do atletismo e do basquete, um grande bar – com salão de 25×20 metros – e outro salão. Com janelas de frente para o campo, sanitários para mulheres, sala de descanso, vestiários de equipes visitantes – com 11 chuveiros –, de árbitros (um espaço exclusivo a eles) e dos jogadores palestrinos. Também lá estavam localizados os banheiros para o público. Depois dessa arquibancada existia um pavilhão destinado à diretoria do Palestra.
Do outro lado, com entrada também pela rua Turiassu, havia as gerais de cimento, medindo 154 metros de comprimento e possuindo 20 degraus de um metro – no último deles, existia uma espécie de terraço por toda a extensão. Na base, situavam-se quatro grandes passagens que davam acesso a bares e instalações sanitárias para o público. Atrás dos gols, eram mantidas arquibancadas improvisadas. Mas a estrutura do Palestra Itália era ótima para a época e só foi superada quanto à modernidade na cidade sete anos depois, quando o Pacaembu foi inaugurado.
A reportagem do Esportividade visitou o antigo Palestra Itália, atual Allianz Parque, exatamente 80 anos após essa estreia da nova infraestrutura ter ocorrido. A responsável pela construção do novo estádio é a WTorre, que tem contrato de 30 anos com o Palmeiras para a exploração do local. O clube, que cedeu a área nesse período, receberá toda a receita proveniente de bilheteria de seus jogos e mais uma fatia do restante, que será de 5% nos cinco primeiros anos e aumentará progressivamente até chegar a 30%. A WTorre fechou acordo com a AEG, gigante norte-americana do entretenimento, para que ela administre o Allianz Parque. Já o contrato de naming rights com a seguradora alemã é de 20 anos, com opção de renovação para mais dez.
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Construção
Cerca de 65% das obras já estão concluídas, e a previsão é que terminem no primeiro trimestre de 2014. A cobertura é o que mais mobiliza operários: são aproximadamente 500 trabalhando diretamente no canteiro ou indiretamente para aprontá-la. De 700 a 750 pessoas estão envolvidas na construção do Allianz Parque. As telhas, com isolamentos térmico e acústico, são de alumínio leve e dobradas no futuro campo de jogo, em um container. Além da montagem da cobertura, que envolve seis guindastes de grande capacidade, são feitos diversos serviços simultâneos, como execução de acabamentos em sanitários e camarotes e construção do edifício-garagem, que terá capacidade para até 2 mil veículos. Além disso, é feita reforma de uma arquibancada antiga, sobre a qual foi construída uma nova por causa do tipo de alvará obtido. Sob ela, no térreo, ficará o memorial do Palmeiras.
“Nosso cronograma é bem organizado”, disse Guilherme Bosel, engenheiro civil da WTorre, que trabalha no local desde o início. “Quando terminarmos a cobertura, praticamente acabaremos tudo o que existe de pesado. Daí já será liberada a área para o gramado. Terminando a cobertura, já vai ter cara de estádio pronto.” Sobre o gramado, ele já está em cultivo em outra área. Irá ao estádio depois que forem concluídas as obras de drenagem do campo.
Os vestiários dos times ficarão no prédio de mídia, anexo ao estádio, localizado na rua Turiassu. Pelo padrão da Fifa, as equipes devem entrar no gramado acompanhando a linha de meio de campo.
Público
O estádio terá essencialmente quatro níveis para o público, que ficará acomodado em 45 mil assentos individuais numerados e cobertos: anel inferior, onde a maior parte dos espectadores de arquibancada ficará, dois andares camarotes (160 deles, no total) e anel superior. “O Allianz Parque foi projetado para não ter pontos cegos”, afirmou o engenheiro. “A facilidade para o torcedor será bem maior aqui”, declarou, mencionando depois a localização privilegiada: fica perto de dois shoppings (Bourbon e West Plaza), de terminal rodoviário e da estação Barra Funda, pela qual passam metrô e trens da CPTM, além de ter importantes vias no entorno.
Serão, de acordo com Bosel, cinco entradas para o público: duas pela rua Turiassu, duas pela Padre Antônio Tomás e uma pela Francisco Matarazzo, além da entrada de estacionamento e do portão para caminhões de imprensa.
Os espectadores contarão com uma ampla oferta de serviços de alimentação e sanitários, havendo até mesmo uma sequência de banheiros em dois dos andares. Estão previstas as instalações de 15 elevadores e três conjuntos de escadas rolantes. Grandes redes de alimentação deverão ter lanchonetes no Allianz Parque e, no anel superior, com vista para o gramado, será instalado um restaurante.
Há a possibilidade de não haver vidro separando o público do campo nos assentos mais baixos, pois é estudada a hipótese de ser introduzido um sistema com cabos de aço. “Quem tenta pular fica preso, não conseguindo se soltar”, afirmou Bosel. O gramado continua do mesmo nível do antigo, que era o “jardim suspenso”, com um vão, a ser coberto, entre as arquibancadas e o gramado. No corredor abaixo, os torcedores não vão mais poder transitar, pois o túnel funcionará como uma passagem de serviço.
Segurança
Os torcedores que entrarem no estádio serão vigiados por 64 câmeras capazes de reconhecer o rosto de mais 60 mil visitantes, identificando-os em poucos segundos para as equipes de segurança e da Polícia Militar. “Essas câmeras realizam um reconhecimento facial de altíssima definição. Isso será uma espécie de ‘Big Brother’ e vai permitir identificar comportamentos fora do padrão imediatamente”, disse o diretor de novos negócios da WTorre, Rogério Dezembro, em comunicado. A empresa investirá cerca de R$ 15 milhões na compra do sistema de monitoramento.
O software do equipamento permite identificar rapidamente comportamentos fora do padrão, como o início de uma briga, um ato de vandalismo ou até mesmo uma pessoa passando mal. “Em um jogo de futebol, o sistema identifica a vibração da torcida. Se houver uma briga, o padrão comportamental muda e o sistema chama atenção, permitindo uma rápida ação de controle. Os atos de violência ou vandalismo não passarão nem despercebidos nem impunes”, afirmou Dezembro, de acordo com o qual a tecnologia é capaz de arquivar as imagens dos rostos dos torcedores para compará-los posteriormente, mesmo se alguém tentar se disfarçar com bonés, óculos ou barba.
Dificuldades
Há fatores que dificultam a construção do Allianz Parque por ele estar em uma área residencial do centro expandido de São Paulo, como a lei do silêncio e a restrição para acesso de caminhões, que só podem chegar ao canteiro depois das 22h. As obras em si acontecem das 7h às 18h.
Administração e shows
“Esse projeto é único”, disse Bosel. “Não há nada parecido. Quem vem aqui e já esteve em vários estádios do mundo diz isso. Desde o início conceitual, a AEG tem participado do projeto para que se torne um estádio multiúso, pois ela tem know-how sobre isso: administra mais de cem complexos esportivos no mundo todo, e essa é mais uma que ela vai administrar.”
Haverá duas modalidades de show no Allianz Parque: uma no chamado anfiteatro coberto, para até 12 mil pessoas, com o palco virado para as “arquibancadas da Francisco Matarazzo”, e outra no estádio completo, para até 55 mil, com o palco posicionado no lado da Francisco Matarazzo, mas virado para o sentido contrário. Este será o caso dos shows do grupo pop inglês One Direction, que estão marcados para os dias 10 e 11 de maio de 2014. Além de jogos e shows, o Allianz Parque poderá receber convenções e encontros empresariais. Também terá lojas.
Revista é lançada
Com tantos eventos esportivos e novos estádios em construção no Brasil, foi lançada em agosto a “Sport Infratech”, uma revista especializada em infraestrutura esportiva. É resultado de uma parceria entre Editora Casa Nova e Real Alliance, organizadora de feira de mesmo nome do produto editorial que neste ano acontecerá de 3 a 5 de dezembro no Expo Center Norte, em São Paulo. Clique aqui e leia a primeira edição da revista.
eu n entendi a parte que fala do gramado, diz que ele já está plantado, nas outras arenas ele foi plantado no local, é isso mesmo?, ele já vira em rolos como grama sintética?, vcs sabem qual o tipo?.