Redução de proteção pré-3ª dose põe em xeque grandes provas do fim do ano
O calendário vacinal da terceira dose é mais um fator a ser considerado pelas empresas organizadoras de grandes eventos de corrida de rua que estão previstos para o último bimestre de 2021, como Maratona do Rio e Corrida Internacional de São Silvestre. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a vacinação em massa de segunda dose (com CoronaVac) de adultos não idosos começou no dia 12 de julho. Estas pessoas, portanto, estarão na iminência da terceira dose — sem ainda tê-la tomado — em 31 de dezembro, para quando está prevista a mais tradicional prova brasileira.
Tem sido constatada uma queda da proteção oferecida pelas vacinas alguns meses após o recebimento da segunda dose, o que vai levar o Ministério da Saúde a iniciar a campanha da terceira dose já em setembro — em São Paulo, começará no dia 6, segunda-feira, com idosos que receberam a segunda dose há mais de seis meses e imunossuprimidos.
Em entrevista ao site da BBC Brasil, a médica Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, disse haver uma queda natural na produção de anticorpos contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2) após cinco ou seis meses da aplicação da segunda dose. “Mas isso não quer dizer que a pessoa fique totalmente vulnerável de novo. A proteção contra hospitalização e óbitos parece não cair na mesma proporção”, afirmou.
A CoronaVac foi, nos primeiros meses de 2021, a vacina mais administrada no Brasil. Com intervalo entre doses de 28 dias, agora representa 41% das aplicadas no estado de São Paulo, mas esse percentual é reduzido à medida que doses das vacinas de AstraZeneca/Oxford e Pfizer/Biontech são usadas para a segunda.
Mesmo que a organização da Corrida de São Silvestre exija que os participantes tenham, ao menos, duas doses na carteira de vacinação (se for Janssen, uma), vários dos participantes, principalmente aqueles com idade entre 50 e 59 anos, estarão mais vulneráveis no fim de dezembro de 2021, menos protegidos da covid-19. Exigência de teste negativo para covid-19 pré-prova pode ser uma medida para o evento ocorrer.
Existe mais um agravante: a variante delta, em transmissão comunitária na capital paulista, é mais contagiosa que as outras e, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência do governo federal dos EUA, pode ser transmitida mesmo por pessoas com esquema vacinal completo — com carga viral similar à das não vacinadas. Mas, ainda de acordo com o CDC, “pessoas vacinadas parecem espalhar o vírus por menos tempo que as não vacinadas”.
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