Por redução de preços, empresas da corrida de rua precisam ser mais startups
Startup, segundo definição de Eric Ries, autor do livro “A Startup Enxuta”, é uma “instituição humana projetada para criar um novo produto ou serviço sob condições de extrema incerteza”. Devido à pandemia de covid-19, o mercado brasileiro das corridas de rua tornou-se muito incerto, mas ainda existem corredores amadores – em ótimo número – dispostos a participar de eventos nos próximos anos. Está posto um cenário em que as startups de corrida terão condições de prosperar.
“Reinvenção” é outra palavra da moda para definir empresas que sobreviverão à crise econômica resultante da pandemia e sairão dela com força suficiente para ditar tendências no “novo normal”, outra expressão muito usada hoje em dia.
Por mais que o produto principal, a corrida, seja basicamente o mesmo e não esteja sujeito a grandes inovações, o restante do que é entregue ao atleta muda radicalmente de empresa para empresa.
“Fazer mais com menos”: esse será o maior desafio das empresas organizadoras. Esse “menos” vai desde a quantia que os atletas poderão gastar para participar de evento até a estrutura em si da companhia.
O que os corredores mais querem é correr e pagar pouco por isso – e ainda esperam um kit “de honesto para cima”. Não há milagres aqui, mas organizadores terão de encontrar formas de atender a essa expectativa dos clientes. É aí que entram as startups.
Um exemplo de disruptura: quando a Uber chegou ao mercado, os motoristas parceiros do aplicativo começaram a oferecer corridas – mesma palavra, mas outro sentido – muito mais baratas que aquelas dos taxistas. A chegada da empresa de tecnologia, que intermedeia a relação entre motoristas e clientes, mudou todo um setor.
A tecnologia deve ser utilizada para estabelecer vínculos mais fortes e duradouros com os corredores. Não mais bastará vender a um patrocinador um espaço na camiseta. Quem for patrocinar já esperará efetuar ativações de marca digitalmente.
Patrocínios são uma maneira de baratear inscrições, mas convencer empresas a patrocinar eventos, especialmente em meio a uma crise (e a uma insegurança sanitária), é tarefa dura; no entanto, quando os eventos forem considerados um “braço presencial” de uma campanha essencialmente digital, mais patrocínios poderão ser angariados – tornando mais baratas as inscrições e atraindo mais participantes.
Outra forma de viabilizar eventos será a criação de um modelo em que os próprios atletas amadores serão os “patrocinadores”, custeando boa parte da operação. Em contrapartida, os assinantes terão acesso a experiências, a conteúdos digitais exclusivos e a produtos com desconto, por exemplo – algo como um “clube de assinatura”.
Empresas organizadoras enxutas e com expertise digital estão passos à frente das demais e terão mais chances de sucesso a partir da retomada das corridas.
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