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Esporte 19/06/2024

Patrocínio e inovação colocam criptomoedas como grandes players no mundo esportivo

Por Esportividade

Patrocínio da Binance ao Brasileirão é um dos maiores acordos do tipo já realizados no país (Divulgação)

Nos anos mais recentes, empresas ligadas ao mercado de criptomoedas têm despejado um caminhão de dinheiro em equipes e eventos esportivos no mundo todo. De acordo o relatório global de marketing esportivo de 2022, da empresa de análise Nielsen, o montante pode superar a cifra de US$ 5 bilhões até 2026. São patrocínios e acordos comerciais que se espalham por diversas modalidades, como futebol e automobilismo. O objetivo é aproveitar a visibilidade de competições e times para atrair a atenção de um público diversificado.

A estratégia, já consolidada nos países mais ricos, agora vai ganhando força também no Brasil. Um exemplo é o patrocínio da Binance, provedora global de infraestrutura para ecossistema blockchain e criptomoedas, à Série A do Campeonato Brasileiro e às três séries do feminino. Embora nenhum valor tenha sido divulgado, sabe-se que esse é um dos maiores acordos do tipo já realizados no país e demonstra o crescente interesse das empresas de criptomoedas nesse mercado.

Em contrapartida ao investimento, além de exposição da marca, a Binance também pode atrelar sua imagem ao campeonato de outras formas. Uma delas, lançada no início da temporada atual, são os NFTs do Brasileirão. Trata-se de tokens digitais colecionáveis distribuídos gratuitamente (e armazenados na carteira de criptomoedas da própria Binance) antes de cada partida.

De acordo com um comunicado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), além da óbvia oportunidade de colecionar os NFTs, os torcedores têm a chance de acumular pontos e resgatar ingressos e experiências VIP para os jogos do campeonato ou até mesmo itens raros, como troféus, camisas e bolas oficiais autografadas. E os NFTs também geram descontos em cursos selecionados da CBF Academy para aqueles que desejam seguir carreira no mundo esportivo.

“Desenvolvemos o NFT do Brasileirão com a CBF com o objetivo de aumentar a interatividade entre o torcedor e os times do campeonato. Não temos dúvidas de que os benefícios que ele oferece têm grande valor para o fã de futebol, e por isso a equipe de produtos da Binance está dedicada a trazer novas vantagens, que pretendemos anunciar ao longo do campeonato”, diz Guilherme Nazar, diretor-geral da Binance no Brasil.

A Conmebol Libertadores, torneio que reúne os melhores times de futebol da América do Sul, também atrai a atenção de exchanges e moedas digitais. A Crypto.com representa o setor no campeonato continental até 2026. Além da Conmebol , a empresa já fez parceria com outras organizações e marcas esportivas, como o UFC, a Fórmula 1, o Paris Saint-Germain e o Philadelphia 76ers, da NBA.

De acordo com Kris Marszalek, cofundador e CEO da Crypto.com, uma pesquisa realizada pela empresa mostra que a América Latina lidera o caminho para a adoção de criptomoedas. Dados revelam que 40% dos latino-americanos dizem que desejam comprar cripto em um futuro próximo. “Com o interesse, naturalmente estávamos ansiosos para apoiar a competição de futebol mais importante do continente, aumentando nosso portfólio de patrocínios esportivos”, afirma.

Fórmula 1

Carro da equipe Red Bull de Fórmula 1 com patrocínio da exchange Bybit (Divulgação/Red Bull Content Pool)

Saindo do mundo futebolístico, o som dos motores das potentes máquinas da Fórmula 1 mistura-se cada vez mais ao tilintar digital das criptomoedas. Em 2024, a presença das exchanges no grid de largada se consolida como um novo pódio, impulsionando a visibilidade do mercado de criptoativos na modalidade mais prestigiada do automobilismo mundial.

Gigantes como Bybit, OKX e Crypto.com estampam seus logos em diferentes equipes e etapas do Mundial, atraindo a atenção de milhões de fãs ao redor do globo. No caso do patrocínio da Bybit – terceira maior exchange do mercado quanto ao volume negociado – à equipe Red Bull, a parceria segue o modelo de Binance e CBF, rendendo também a produção e negociação de NFTs.

Em comunicado publicado em seu site, a equipe austríaca diz que a iniciativa deste ano baseia-se no sucesso da Série 1.0, lançada em 2023. “A Velocity Series 2.0 ultrapassa os limites da arte digital ao apresentar a Data Driven Art, permitindo que os fãs mergulhem em uma mistura de velocidade, tecnologia e coleções de arte digital inspiradas em dados da equipe de corrida e telemetria na pista do nosso icônico carro RB20 F1”, descreve.

Nem tudo são flores: o caso FTX

Se hoje há uma corrida entre as exchanges e criptos para obter maior visibilidade de suas marcas por meio dos eventos esportivos, vale recordar que essa relação sofreu um abalo profundo há poucos anos. O colapso da bolsa de criptomoedas FTX, em novembro de 2022, impactou patrocínios e mercado financeiro, deixando um rastro de perdas bilionárias.

A lista de “vítimas” da empresa é extensa e inclui um nome importante da Fórmula 1, a Major League Baseball (MLB) e equipes como Miami Heat (time da NBA). O impacto manifestou-se de diversas formas: desde o cancelamento de acordos milionários até a perda de visibilidade e credibilidade.

No caso da Fórmula 1, a FTX era patrocinadora da Mercedes. O acordo foi rescindido em novembro de 2022 após a crise da exchange. No caso do Miami Heat, a equipe havia assinado um contrato estimado em US$ 135 milhões para o naming rights da FTX Arena.

Passada a tempestade, agora as exchanges buscam recuperar a reputação do setor e garantir a sustentabilidade econômica e o futuro de seus negócios.

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