São Paulo - região metropolitana

Pacaembu: projeto de estacionamento para no mínimo 2 mil carros é desafio

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Estádio do Pacaembu (Google Street View)

Estádio do Pacaembu visto a partir do Tobogã (Google Street View)

A criação de um estacionamento será um dos maiores obstáculos a serem superados pelas empresas que apresentarão projetos para o futuro do estádio do Pacaembu, que poderá ser administrado pela iniciativa privada. O texto do chamamento público (clique aqui) menciona a necessidade de estar prevista nas propostas “a construção de estacionamento com mínimo de 2 mil vagas para automóveis”. Essa é uma exigência de difícil realização, pois não existe atualmente espaço suficiente para uma área dessas no complexo esportivo do Paulo Machado de Carvalho – e a praça Charles Miller, parte integrante do conjunto considerado patrimônio histórico desde 1998, não faz parte do projeto.

A solução mais óbvia seria a construção de um estacionamento no subsolo do estádio, mas precisa de um alto investimento e tem de levar em consideração o fato de haver sob a praça Charles Miller um piscinão que ajuda a evitar enchentes na região.

O Tobogã, setor que não fazia parte do Pacaembu original, já que lá antes havia uma concha acústica, hoje em dia pode receber 11.762 torcedores. Se a arquibancada fosse demolida, ali poderia ficar o edifício do estacionamento para no mínimo 2 mil veículos, uma construção que teria dimensões parecidas com as da garagem do Allianz Parque. O desafio, dessa forma, seria onde e como acomodar 40 mil espectadores, número total exigido pela Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação.

Área atrás do Tobogã: espaço minúsculo para estacionamento (Google Street View)

Área atrás do Tobogã: espaço minúsculo para estacionamento (Google Street View)

Procurada pelo Esportividade, a assessoria de imprensa da secretaria explicou como a prefeitura chegou ao número mínimo de vagas: “Foi definido com o setor de engenharia, o qual entendeu que algum projeto poderia prever esse número de vagas para área. De forma a minorar qualquer incomodo com a vizinhança, pensando no afluxo e na comodidade dos moradores”.

O texto do chamamento público ainda diz: “O estacionamento deverá prever a possibilidade de isolamento dos torcedores de cada time”. Um para ônibus também terá de ser previsto. As empresas interessadas em modernizar e gerir o estádio municipal terão de resolver um “quebra-cabeças”.

O jornal O Estado de S. Paulo publicou em 2009 uma reportagem segundo a qual “não podem ser modificados a fachada, os portões frontais e laterais, os muros e a altura do estádio”.

Estádio do Pacaembu (Esportividade)

Estádio do Pacaembu (Esportividade)

A viabilidade financeira do projeto é tão desafiante quanto a construção do estacionamento. Dadas as restrições do bairro, cujos moradores não querem shows lá, e do tombamento, que não permite que aconteça com o Pacaembu o que ocorreu com o Palestra Itália – uma alteração radical das características arquitetônicas –, não será fácil a elaboração de uma proposta economicamente saudável e lucrativa.

A Prefeitura de São Paulo gasta R$ 9 milhões por ano com a manutenção do estádio e estima gasto pela iniciativa privada entre R$ 200 e R$ 300 milhões com as obras. Se não houver uma proposta compatível com o desejo do poder municipal, o município continuará a administrar o local.

Mais sobre o chamamento público

Estádio do Pacaembu (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

Estádio do Pacaembu (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

A prefeitura pede a apresentação, por eventuais interessados da iniciativa privada, de estudos técnicos e modelagem de projeto de concessão para modernização, restauração, gestão, operação e manutenção do estádio.

O Pacaembu está inserido em um complexo esportivo de valor histórico para a capital paulista. Faz parte do centro poliesportivo piscina olímpica, ginásio poliesportivo, ginásio de saibro coberto, quadra externa de tênis, quadra poliesportiva externa, pistas de corrida, salas de ginástica e posto médico.

Estádio Paulo Machado de Carvalho (Esportividade)

Estádio Paulo Machado de Carvalho (Esportividade)

Planejado para receber, além de atividades esportivas, eventos culturais, em especial os musicais – daí a concha acústica original –, o Pacaembu encontra-se atualmente subutilizado e sem condições técnicas de servir à população da forma como originalmente foi desenhado.

A Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação considera prioritária a concepção de “um novo modelo que envolva a completa modernização do conjunto esportivo e uma gestão eficiente do estádio, retomando sua vocação como espaço para eventos culturais – sendo respeitados as restrições do tombamento e os limites de comodidade da vizinhança”.

Tendo em vista a necessidade de se explorarem novas formas de uso do estádio, a secretaria iniciou um chamamento público. Busca receber propostas inovadoras, técnica e economicamente viáveis.

Ginásio do Pacaembu (Seme/Divulgação)

Ginásio do Pacaembu (Seme/Divulgação)

O propósito do chamamento público é colher propostas de soluções arquitetônicas e de engenharia, modelos de negócios e exploração comercial. Estão em pauta para as empresas que considerarem o Pacaembu um bom negócio: modernização da infraestrutura; novos equipamentos e instalações; manutenção preventiva e corretiva; exploração comercial do estádio, o que envolve o desenho de um modelo de negócio que contemple a geração de receitas associadas a atividades esportivas, as comerciais (como a exploração direta ou indireta de bares, lojas, restaurantes e centro de convenções), assim como as geradas pela realização de eventos culturais ou de entretenimento.

O centro poliesportivo do Pacaembu deverá ser restaurado e modernizado pelo concessionário, mas permanecerá sob a titularidade da municipalidade para uso comum da população. E deverão ser contemplados no projeto de modernização do estádio: cobertura, assentos numerados, estacionamento, banheiros, wi-fi livre, entre outros itens. O prazo de concessão dependerá da proposta. O nome Paulo Machado de Carvallho e o apelido, Pacaembu, devem ser mantidos. O Museu do Futebol não fará parte da concessão.

A administração municipal poderá utilizar o local em até dez datas no ano e a titularidade do equipamento seguirá com a prefeitura. O apelido, Pacaembu, poderá ser seguido de “naming rights”, isto é, poderá receber o nome de um patrocinador.

Prazos

Estádio do Pacaembu (Cesar Cardoso)

Estádio do Pacaembu (Cesar Cardoso)

Os interessados deverão se cadastrar até 20 de março de 2015. No prazo máximo de dez dias corridos da entrega dos documentos de cadastramento dos interessados, a comissão publicará a lista de proponentes que estarão autorizados a realizar os estudos, que deverão ser feitos em até 90 dias.

Comentários


  • Apesar de hoje já ter um consórcio responsável pelo estádio, com certeza, será um desafio enorme para eles criaram uma arena multiuso e que possa possibilitar a realização de eventos variados, devido a grande demanda que já existe com as novas arenas na cidade.

  • Deixe seu comentário


    Enviando esse comentário estou ciente da política de privacidade deste SITE JORNALÍSTICO.