O alto risco de lesão no futebol e as particularidades da modalidade
O futebol é indubitavelmente o esporte mais popular do Brasil e do mundo. Essa modalidade conta atualmente em todo o mundo com cerca de 200 mil atletas profissionais e 240 milhões de jogadores amadores, dos quais aproximadamente 80% são do sexo masculino. No Brasil, sua importância social e cultural é tamanha que além de esporte quase pode ser considerado uma “religião” .
O futebol tem regras, regulamentos e um estilo de jogo que são diferentes de qualquer outro esporte. As características do futebol imprimem uma demanda significativa nas habilidades físicas e técnicas de cada jogador. Consequentemente, muitos dos padrões de lesões e problemas médicos são únicos e específicos.
O risco de lesão no futebol profissional é elevado. Estudos mostraram que o risco de lesões é mil vezes maior em jogadores profissionais de futebol quando comparados com trabalhadores da indústria.
Como esporte, o futebol tem sofrido muitas mudanças, principalmente em função das exigências físicas cada vez maiores, o que obriga os atletas a trabalharem perto do limite, com maior predisposição às lesões.
A incidência de lesões no futebol é estimada em aproximadamente 10 a 15 lesões para cada mil horas de prática esportiva. Essa incidência varia bastante quando avaliadas as diversas atividades e os grupos de praticantes. Sendo que mulheres, por exemplo, apresentam maior incidência de ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) quando comparadas com homens. Já alguns estudos sugerem uma maior incidência de lesões em atletas profissionais quando comparados com praticantes amadores. Agora muitos de vocês devem estar comemorando!
No futebol, as lesões mais comuns acometem os membros inferiores (70-80%), sendo que a maioria envolve as articulações do joelho, o tornozelo e a musculatura da coxa. A maior parte dessas lesões ocorre durante os jogos e, quando realizada uma estimativa baseada nos dados existentes atualmente, conclui-se que cada jogador apresentará, em média, uma lesão relacionada ao futebol por ano.
Os tipos mais comuns de lesões do esporte são os entorses, os estiramentos e as contusões. A maioria das lesões é de origem traumática, sendo que aproximadamente 20% (vinte por cento) delas são atribuídas a jogadas faltosas ocorridas durante o jogo.
As recidivas de lesões são bastante frequentes e representam 20% a 25% de todas as lesões. Dessa forma, a avaliação em relação a lesões prévias e reabilitação inadequada com retorno antecipado ao esporte ganham grande importância.
Os atletas mais acometidos são os meio-campistas e atacantes, com os goleiros sendo os menos afetados por lesões no futebol. Apesar de frequentes, as lesões no futebol são, em geral, leves, permitindo em sua grande maioria o retorno ao esporte em até uma semana.
Sempre digo que a prática moderada de esportes é saudável, mas alguns cuidados e informações são importantes para que sua saúde não seja colocada em risco. Bom futebol a todos e cuidado com as lesões!
Sobre o Dr. Gustavo Arliani
Doutor Gustavo Arliani é ortopedista especialista em traumatologia formado pela Universidade Federal de São Paulo. É um dos autores do livro “Classificação em Ortopedia e Traumatologia”, juntamente com Doutor Moisés Cohen e Diego Astur. Gustavo é um dos dez mais bem colocados na prova para o título de especialista em Ortopedia e Traumatologia pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT. [email protected] / drgustavoarliani.com.br