Ninguém sai de uma maratona, como a SP City Marathon, como entra nela
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Apesar de tudo o que aconteceu a partir de março de 2020, a SP City Marathon não diferiu muito da edição anterior, a de 2019, e até mesmo os números de participantes do evento foram similares, com total de finishers se mantendo na casa dos 12 mil – 3.799 deles com tempo final registrado na maratona. Quanto a mim, entretanto, não se pode dizer o mesmo.
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Três anos atrás, nem sequer poderia imaginar que um dia teria condições de correr uma maratona. Há apenas um ano, porém, começou a parecer um objetivo tangível, concretizado na Maratona de Barcelona, na Espanha, em 7 de novembro de 2021. Embora estivesse satisfeito com o fato de ser um maratonista, havia ainda uma pendência: a de participar de uma maratona em São Paulo, cidade em que nasci e sempre morei.
A SP City Marathon, um evento da Iguana Sports, reunia as melhores condições de temperatura (literalmente, pois é disputada no fim de julho, no inverno) e pressão (inicialmente, eu pensei que me sentiria menos pressionado por já ter completado uma vez os 42,195 km, o que acabou não sendo totalmente verdadeiro, pois me cobrei mais que deveria) para isso. Outro ingrediente era o percurso, mais dinâmico e interessante que o da Maratona Internacional de São Paulo, da Yescom, prova realizada em abril.
Correr em casa tem suas vantagens, e uma delas foi ter encontrado, logo na avenida Pacaembu, um leitor do Esportividade, Bruno Macarini, com o qual dividi a prova por quase 29 km. Foi ao lado dele que corri no centro histórico e na subida da avenida 23 de Maio, trechos em que a SP City Marathon mostrou-se mais vibrante – seja pelo cenário em si, seja pelas atrações musicais proporcionadas pela organização, seja pelo fato de os atletas ainda não estarem muito cansados.
Quando os corredores dos 21,097 km saíram do percurso, o silêncio e a concentração aumentaram, já que havia ainda outra metade de prova a ser cumprida pelos maratonistas. Logo após o km 30, dentro da Cidade Universitária, disse ao Bruno que ele poderia seguir adiante sem mim. Com as pernas pesadas, diminuí o ritmo e caminhei às vezes. Percebi que dificilmente conseguiria ser “sub-4h”, isto é, completar a maratona em menos de quatro horas. Abri, então, mão do tempo.
É justamente nessa fase que aflora um diálogo mais intenso consigo mesmo: “Será que tento correr mais um pouco? Por que não? Por que sim? Será que vai dar?”. Não importa a maratona: boa parte dos participantes passa por isso. No último quilômetro, a torcida “leva” os maratonistas, e foi também assim na SP City Marathon de 31 de julho de 2022, encerrada no Jockey Club de São Paulo.
Assim como ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, como dizia Heráclito, ninguém sai de uma maratona da mesma forma que entra nela. A jornada é pesada, modificadora, transformadora. É por isso que os 42,195 km são muito maiores que a distância em si. Do companheirismo à solidão, da agitação ao silêncio, da confiança à dúvida: são quatro horas de um extremo ao outro. Essa é a beleza da maratona.
Caracaaaaa, que relato. SPCITY para mim é a melhor de todas.
Usou muito bem as palavras Andrei. E realmente nos último km o que nos força é a vibração da torcida. Parabéns pela maratona.