Momento dos organizadores de corridas é mais duro que o do início da pandemia
Apesar das perspectivas crescentes de início da vacinação da população brasileira nos primeiros meses de 2021, existe uma séria preocupação com o mercado de eventos, cujo ano de 2020 já foi o pior do século por causa da pandemia de covid-19. O momento para os organizadores de corridas de rua é até mais delicado que era no primeiro semestre deste ano, quando, embora estivessem parados, ainda existia esperança de retomada sólida no fim de 2020 e pensava-se que corridas virtuais poderiam ser boa opção comercial.
Nada disso se concretizou, no entanto. Algumas pequenas provas, principalmente interioranas, aconteceram neste segundo semestre, mas, quando parecia que chegariam aos grandes centros urbanos – com uma série de medidas restritivas, tornando-as impopulares –, houve aumento dos números de infectados pelo novo coronavírus, internações e mortos. Mesmo que a Fundação Cásper Líbero quisesse não poderia realizar a Corrida Internacional de São Silvestre neste dia 31 de dezembro.
Poucos foram os organizadores que conseguiram tirar proveito – e sustento – das corridas virtuais. Em março, mês inicial da paralisação, começaram a ser consideradas uma “tábua de salvação” por muitas empresas, mas a grande maioria não conseguiu atingir seus objetivos comerciais com elas, já que a maior parte do público as rejeitou veementemente, até porque, devido aos custos (frete e produção em pequena escala), os preços não ficaram muito diferentes dos das presenciais.
Os organizadores de corridas não conseguem ainda se planejar de forma adequada para 2021. Apesar de os grandes terem liberado calendário, já foi iniciado o processo de novo adiamento – eventos do primeiro semestre aos poucos são adiados para o segundo. Não existe como saber em que momento o poder público voltará a liberar as médias e grandes provas; ao que parece, tudo dependerá do transcorrer da imunização.
Outro fator complicador tem a ver com eventos com inscrições já efetuadas. Se houver liberação, o calendário de 2021 será, para a maioria das pessoas, o que seria o de 2020. Isso quer dizer que será complicado vender novas inscrições, porque muita gente evitará comprá-las para não correr o risco de, sem querer, acabar tendo duas provas no mesmo dia.
O dinheiro oriundo das inscrições dos eventos que ocorreriam em 2020 já entrou na conta dos organizadores há mais de nove meses. É provável que alguns o tenham usado para o sustento da própria família e, a fim de realizar os eventos prometidos aos atletas, precisem recorrer a empréstimos bancários.
A crise do mercado de corridas de rua provocada pela pandemia de covid-19 não terminará mesmo após a retomada da “normalidade”, portanto. A conta dela vai continuar a chegar nos próximos anos.
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Muito triste essa situação em que a humanidade está vivendo. Ainda estamos longe de voltarmos ao normal no que se refere a grandes eventos esportivos. E o pior é que não tem pra onde “correr”. Que Deus fortaleça todos os que estão desassistidos financeiramente pela falta desses eventos. ???