Mais conhecidos aparecem no dia final do Brasil Open apenas em painel
Na entrada do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, havia um enorme painel com fotos de alguns dos mais conhecidos tenistas do Brasil Open de 2014: Juan Mónaco, Nicolás Almagro, Tommy Haas, Thomaz Bellucci e Bruno Soares. Nenhum deles, no entanto, jogou no dia mais importante do torneio, o domingo das finais de duplas e simples, já que todos eles foram eliminados antes da decisão. Restou aos espectadores acompanhar a vitória de Guillermo García-López (ESP)/Philipp Oswald (AUT) sobre Juan Sebastián Cabal (COL)/Robert Farah (COL) e o triunfo de Federico Delbonis (ARG) contra Paolo Lorenzi (ITA).
O público não foi o de 2013, quando Rafael Nadal foi o campeão, mas a presença da torcida não pode ser considerada decepcionante; é necessário também levar em consideração o fato de que era um domingo de Carnaval, dia 2 de março. As pessoas entrevistadas pelo Esportividade lamentaram mais a ausência do veterano alemão Haas, eliminado nas semifinais após derrota no primeiro set e abandono do segundo por dores no ombro direito, na final do que a do brasileiro Bellucci, que também saiu da competição na fase anterior à decisão.
“No Brasil existem poucos tenistas profissionais desse nível”, disse o construtor Henrique Aragoni. “Não estamos com uma safra muito boa, então já era meio esperado.”
O professor de tênis Lear Francisco de Souza é da mesma opinião. “Pela capacidade e pelo talento do Tommy Haas, foi uma pena ele não ter ido à final”, declarou. “Seria interessante para o evento. É muito comum em torneios ATP em países sem uma escola muito forte de tênis não chegar à final nenhum jogador do país-sede. O que me deixou mais triste mesmo foi o Haas não ter alcançado a decisão. O Bellucci fez um bom torneio, chegou às semifinais, então não decepcionou.” O alemão, 12º colocado do ranking da ATP, era o cabeça de chave número um do torneio em São Paulo.
Lear ficou incomodado com um comportamento da torcida no ginásio do Ibirapuera: “A única coisa que me incomodou foi o fato de haver gente o tempo todo levantando durante o game, não na virada. Isso parece ser uma frescura para quem não está no meio do tênis, mas faz diferença, principalmente na hora do saque”.
Para a analista de marketing Ana Munarolo, o brasileiro “ainda não tem a cultura do tênis”: “Se o Bellucci tivesse vencido o jogo de ontem [sábado], talvez estivesse um pouco mais cheio o ginásio. Se tivéssemos um Bellucci [como estrela, a exemplo do Guga], talvez o Carnaval não tivesse prejudicado tanto. No ano passado, estava muito mais cheio, mesmo no domingo seguinte ao Carnaval, mas o fato de ter o Nadal ajudou”, afirmou.
Mas a final do Brasil Open, um torneio ATP 250, não deixou de ser interessante. O argentino Delbonis, 23 anos, chegou à sua segunda decisão de evento do ATP World Tour, e o italiano Lorenzi, 32 anos, nunca havia feito sequer uma semifinal do circuito jogando individualmente. Delbonis, que havia derrotado Bellucci no sábado, virou o jogo, conquistou um título inédito para ele e subiu para a 44ª posição do ranking. No intervalo entre o segundo e o terceiro sets o empresário Thomaz Sarkis já previa uma virada: “Parece-me que o argentino vai levar facilmente essa, porque o italiano está ficando cansado”. No entanto, no terceiro set, quem mais fazia a torcida vibrar era Lorenzi, agora 100º.
Os ingressos para domingo não eram baratos: a entrada inteira com menor valor custava R$ 120. O bilhete mais caro podia ser comprado por R$ 250.
Superioridade de Delbonis
Em entrevista coletiva após a derrota de sábado, Thomaz Bellucci valorizou o desempenho do argentino. “Ele jogou melhor do que eu quando precisou. Em certos momentos, consegui ser superior a ele, mas, na maior parte do jogo, tive de correr atrás. Quando terminou a partida, fiquei com sentimento de que ele foi melhor do que eu”, disse.
Thomaz Bellucci, agora, com esse resultado, número 86 do ranking, perdeu o primeiro set, venceu o segundo e chegou a ter 4 games a 2 no terceiro set, mas permitiu virada do futuro campeão. “Até eu conseguir o break no segundo set, ele praticamente não me deu chance alguma; não tive nenhum break point até conseguir quebrá-lo. Consegui reverter uma situação difícil, mas, na hora de matar o jogo, eu não tive competência de manter o mesmo nível e liquidar a partida. Fiz o mais difícil, que era reverter a situação, mas deixei escapar algumas chances, o que foi crucial.”
O brasileiro, cujo mais recente título foi o do torneio de Gstaad, na Suíça, em julho de 2012, desta vez sentiu apoio da torcida, ao contrário de 2013. “Houve uma mudança muito grande de postura da torcida. Eles me apoiaram o tempo todo nesta semana. Foi um dos pontos positivos. Mesmo tendo perdido, saio feliz por ter dado meu máximo em quadra e tenho certeza de que a torcida viu isso em mim”, comentou.
Embora não tenha ido à final, Bellucci afirmou ter saído do Brasil Open satisfeito, pois acredita ainda não ter jogado seu melhor tênis neste ano e, mesmo assim, ficado perto de uma final de um torneio ATP 250.
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