Livro aborda encanto infantil pela camisa amarela da seleção brasileira
A Liberdade, um reduto da comunidade japonesa na cidade de São Paulo, já naturalmente representa uma mistura de culturas como a que será vista nos estádios da Copa do Mundo em junho e julho de 2014. No bairro, não existe motivo pelo qual não se pode torcer pelo Brasil e pelo Japão ao mesmo tempo. Devido à tradição do futebol pentacampeão mundial, o fascínio exercído pela camisa amarela da seleção brasileira, no entanto, é maior que o exercído pela azul da equipe japonesa. Esse “poder mágico” do “manto nacional” está no livro infantojuvenil “A camisa amarela da seleção brasileira”, do jornalista Gílson Yoshioka e de Myriam Chinalli.
No livro, publicado pela editora Gaivota, o pequeno Marcelo, neto de japoneses, não esconde sua admiração pela seleção brasileira. Em uma festa com colegas de escola, é alvo de piadas por ser descendente nipônico e vesti-la. Em vez de adotar um comportamento negativo, posteriormente procurou na Liberdade sua avó, que lhe contou mais a respeito da vinda dos japoneses ao Brasil. Aquela conversa animou o garoto, que se sentiu orgulhoso de ambas as culturas e continuou a mostrar em outras ocasiões sua admiração pela seleção brasileira de futebol, que lhe serviu como fonte de inspiração para o resto da vida.
O escritor e jornalista Gílson Yoshioka disse ter sido um “golaço” de Marcelo essa atitude. “O mau comportamento dos colegas e alguns adultos foi como o injusto e desleal de alguns times em partidas de futebol”, comparou. “Já acostumado a situações adversas nos jogos, o personagem Marcelo também teve de driblar esse constrangimento inicial. Em vez de se abater ou se calar, ele soube se defender e ainda conversou sobre o assunto com a mãe e a avó e foi investigar a própria história com a sua obaachan [avó, em japonês].”
Segundo Gílson, o que mais encanta na história do futebol brasileiro é uma combinação rara. “Os fatores que mais contribuem para o fascínio são o nosso futebol-arte e a maneira como o Brasil costuma vencer jogos e campeonatos, unindo eficiência e beleza. Por isso é tão difícil agradar os nossos 200 milhões de técnicos (aliás, o mundo inteiro quando se trata de Brasil): não basta vencer, é preciso também encantar e dar show”, afirmou.
Ao longo do livro, as Copas do Mundo são mencionadas à medida que Marcelo cresce. A primeira que ele acompanhou inteiramente foi a do tetracampeonato. “Marcelo ficou muito feliz, assim como todo o povo brasileiro, na conquista de 1994. Mas ele se emocionou de verdade e foi às lágrimas ao ver o fantástico time de Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho ser pentacampeão no Japão. Foi assim comigo também”, contou Gílson, neto de japoneses, que também é autor de “Trocando os pés pelas mãos – O futebol e a vida nas crônicas de Tostão”.
Os moradores bairro paulistano mais nipônico, de acordo com o escritor, torcem por vitórias brasileiras e belas apresentações japonesas. “Durante a Copa do Mundo, o bairro da Liberdade tem torcida para o Brasil e o Japão. Os descendentes de japoneses mais jovens costumam ser muito mais envolvidos com o futebol. Eles costumam torcer pelos dois times, mas é claro que as expectativas com a seleção brasileira são muito maiores. Em um confronto direto entre os dois países, o personagem Marcelo, assim como a maioria dos descendentes de japoneses, torce por vitória dos favoritos, mas também por uma bela apresentação do time do Japão”.
Questionado sobre como o menino Marcelo reagiria com a Copa no Brasil e como Marcelo quando adulto encararia o Mundial, Gílson declarou: “O garoto ficaria bastante feliz de ter a chance de ver o Brasil e a Copa do Mundo nos estádios. Qual outra criança não ficaria? Já o jornalista Marcelo, assim como muitos outros profissionais da imprensa no Brasil, seria, a princípio, contra a realização da Copa do Mundo no país. Porém, com a confirmação do evento, ele não poderia simplesmente virar as costas, ignorar a profissão, a paixão e o amor pelo esporte”.
Em um tom mais otimista, Gílson citou Tostão ao fim da entrevista, passando uma mensagem aos que têm o sonho de vestir um dia a camisa amarela da seleção brasileira: “No futebol e na vida o planejamento é essencial, mas, às vezes, as melhores coisas acontecem de repente, num piscar de olhos, sem aviso”.
Lançamento
Dedicado aos pais e avós do autor, “A camisa amarela da seleção brasileira”, que também conta com ilustrações de Rafael Antón, será autografado por Gílson Yoshioka das 19h às 22h desta quinta-feira, 29 de maio de 2014, na livraria Saraiva do shopping Pátio Paulista (rua Treze de Maio, 1947, em São Paulo). O livro, indicado para crianças com oito anos ou mais, possui 44 páginas e custa R$ 29,90. Tem o prefácio de Tostão.
Não tem mais o livro impresso.