São Paulo - região metropolitana
Corrida de rua 17/08/2020

Lauter Nogueira critica corridas virtuais (‘certo engodo’) e brechas para fraudes

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade

Corredores no parque da Aclimação (Esportividade)

Um dos maiores conhecedores de atletismo no Brasil, Lauter Nogueira, que por 25 anos foi comentarista do Grupo Globo, fez duras críticas às corridas virtuais com fins competitivos. Em entrevista ao programa “Fôlego”, da Rádio Bandeirantes, o professor de educação física disse que a maioria das empresas proponentes não tem controle algum sobre a honestidade dos atletas,

“O que está acontecendo é um certo engodo, uma coisa que me incomoda muito: vejo proliferarem as tais corridas virtuais, que de corrida não têm praticamente nada. Não existe competitividade nelas”, disse. “Induzem as pessoas de má índole a roubar. A pessoa pode pegar uma bicicleta, ligar um aplicativo no celular e manter um ritmo de 20,5 km/h em uma prova de 10 km.”

Lauter afirmou que a maior parte das empresas que as vendem não se preocupam com possíveis fraudes: “São poucos os métodos para você validar [o tempo], e 90%, 95% dessas corridas virtuais hoje em dia não conseguem fazer isso. Há grupos [organizadores] desesperados pelo fato de não haver corridas de rua que resolveram ir pelo modo mais fácil. Acho isso chato pra caramba”.

O especialista, que também é organizador de eventos, propôs um formato para provas presenciais que, segundo ele, reduz enormemente as chances de proliferação da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, entre os atletas. Em vez de uma largada, haverá até 4,9 mil ao longo de um fim de semana prolongado. “É perfeitamente possível da manhã de sexta-feira à tarde de domingo uma pessoa largar a cada 40 segundos”, declarou.

A proposta é que o evento ocorra em um lugar “remoto e blindado”, sem interferência de não participantes, com regras sobre ultrapassagens: a faixa da esquerda é reservada a elas e, assim que uma for feita, deve-se retornar à faixa da direita.

O organizador carioca afirmou que um evento assim que é “até mais barato que um normal” para a empresa – até 20% mais em conta –, já que haverá menos gastos com colaboradores. Para controle de acesso e outras checagens, por exemplo, serão usadas algumas câmeras com tecnologia de identificação.

“Na dispersão, o atleta olhará para o telão e, sozinho, conferirá seu resultado”, disse Lauter, segundo o qual “a propriedade intelectual do evento já está garantida”. Ele tenta implementá-lo ainda em 2020.

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