São Paulo - região metropolitana
Vôlei 05/09/2013

Jogadores não mostram entusiasmo com sets de 21 pontos na Superliga

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Ginásio do Ibirapuera na final da Superliga feminina 2012/2013

Ginásio do Ibirapuera na final da Superliga feminina 2012/2013

Muitos jogadores ainda não estão satisfeitos com a mudança da pontuação final dos quatro primeiros sets que já estará em vigor nesta temporada 2013/2014 da Superliga de vôlei. Alguns já questionam se valerá a pena para o público gastar tanto tempo para chegar ao ginásio para ver um jogo que pode durar aproximadamente uma hora.

A partir deste mês, em que serão iniciados os campeonatos masculino e feminino, os sets de 25 pontos passarão a ter 21, e o quinto continuará a ter 15, assim como já acontece no Campeonato Paulista masculino e na Copa São Paulo feminina. Ainda se faz necessário abrir dois pontos para se fechar um set. A Confederação Brasileira de Vôlei optou por promover essa alteração para poder fornecer informações sobre esse teste à federação internacional, cobrada por televisões por um menor tempo de jogo. Mas quem já experimentou a mudança não a aprovou – por enquanto.

Jogadores da Superliga masculina 13/14 (Alexandre Arruda/CBV)

Jogadores da Superliga masculina 13/14 (Alexandre Arruda/CBV)

O central Michael, do São Bernardo, que disputa o Estadual, é um dos insatisfeitos. “Não gostei muito desse formato”, disse. “Estávamos acostumados aos 25 pontos. Para nós é difícil; é ainda mais difícil para o público, que sai de casa para assistir a um jogo que, se for bem fácil, pode durar menos de uma hora.” Ele comenta que não será mais possível começar um jogo em ritmo lento: “Você já tem de entrar a ‘100 km/h’. Se você largar bem, será muito mais fácil para vencer o set”.

Marcos Pacheco, treinador do Sesi, é outro que experimentou a novidade e ainda não se sentiu confortável com ela. “Essa foi uma alteração muito radical, porque quebrou uma estrutura de jogo. Eu, particularmente, tenho tido muita dificuldade de adaptação. Antes, com os 25 pontos, eu tinha os timings do jogo: sabia quando fazer inversão, quando arriscar, como arriscar, o quanto eu podia mexer no time. Apesar de já ter dirigido a equipe na fase classificatória do Paulista, hoje não tenho esses tempos – não me adaptei completamente a isso ainda. Se você me perguntasse hoje, tecnicamente, sobre a alteração, eu diria que não gostei dela. Talvez daqui a dois meses eu mude de opinião, mas hoje estou com dificuldade”, explicou o técnico de jogadores como Murilo, Lucão, Lucarelli, Renan, Serginho e Sidão.

Jogadoras da Superliga feminina 13/14 (Alexandre Arruda/CBV)

Jogadoras da Superliga feminina 13/14 (Alexandre Arruda/CBV)

A bicampeã olímpica Sheilla, do Molico/Nestlé, de Osasco, vê, assim como Michael, um lado ruim para o público. “Ainda sinceramente não vejo pontos positivos”, afirmou. “Não sou tão a favor, pode ser que eu mude de ideia. Seria legal se, com os sets de 21 pontos, houvesse mais transmissão em TV aberta, mais exposição para o público. Se for continuar igual, será até pior, pois existem pessoas que enfrentam congestionamento e demoram mais de uma hora para chegar ao ginásio para daí ver um jogo mais curto. Temos de pesar os dois lados.”

A líbero do time osasquense, Camila Brait, também inicialmente vê problemas para o torcedor, mas acredita em adaptação do vôlei. “Será um jogo mais rápido e ruim para o torcedor, que pagou pelo ingresso para assistir a uma coisa muito rápida. Mas o vôlei já passou por muitas mudanças ao longo da história e essa é mais uma delas”, afirmou.

Giba, que retorna ao vôlei brasileiro, agora defendendo o Taubaté, preferiu não se posicionar ainda: “Preciso primeiro jogar com essa pontuação para depois ter um parecer de como realmente vai ser. As regras sempre mudaram para o melhor do esporte, e acho que o Ary [da Graça, brasileiro presidente da FIVB] fez isso para que tenhamos mais tempo na televisão, de exposição, o que trará mais patrocinadores ao vôlei”, afirmou o multicampeão, que tenta adquirir peso para estar fortalecido para jogar: “Se continuar a ganhar 3 kg a cada duas semanas, voltarei o mais rapidamente possível”. O jogador tem dois anos de contrato com o Taubaté (“um mais um”) e, depois disso, deixará as quadras.

Explicações

Renato D'Avila discursa em apresentação da Superliga 13/14 (Alexandre Arruda/CBV)

Renato D’Avila discursa em apresentação da Superliga 13/14 (Alexandre Arruda/CBV)

Renato D’Avila, superintendente técnico da CBV, explicou por que a entidade decidiu implantar os sets de 21 pontos na Superliga. “Colaboramos com a federação internacional nessa avaliação, que é mundial”, disse. “Ela tem um comitê de 25 treinadores de diversos países que foram consultados e deram alguns caminhos para ela a fim de atender a uma solicitação que é das TVs do mundo todo.”

De acordo com o dirigente, essa é apenas uma das mudanças sugeridas pela FIVB: “Existia também a questão de cronometrar o saque: após cada rali, o atleta teria 15 segundos para efetivar o saque. Outra proposta era eliminar o protocolo de substituições, que seriam feitas diretamente, assim como acontece com o líbero. Essas eram as ideias, mas entendemos não ser necessário implantar tudo [aqui e agora].”

Ao fim desta temporada da Superliga, serão ouvidas as opiniões dos treinadores brasileiros e feitas as estatísticas de duração para que as informações sejam enviadas à FIVB, que tomará uma decisão se essa mudança será efetivada mundialmente ou não. “Caso a alteração não seja aprovada, é vida que segue, e vamos voltar ao normal na próxima temporada”, comentou D’Avila, que contou que o Campeonato Europeu também testará os sets de 21 pontos.

Questionado se a Superliga ganhará espaço na TV com a nova regra nesta temporada, o dirigente disse: “Estamos no caminho de mantermos o que já conquistamos, mas certamente é um passo importante para conquistarmos mais espaço, uma vez que estamos nos adaptando às necessidades dos veículos de comunicação”.

Equipes da região metropolitana

Haverá oito times da região metropolitana de São Paulo na 20ª temporada da Superliga: seis no feminino e dois no masculino.

Eles são: Barueri, Molico/Nestlé, Pinheiros, São Bernardo Vôlei, São Cristóvão Saúde/São Caetano e Sesi (Superliga feminina, cujo total de equipes é 14); São Bernardo e Sesi (Superliga masculina, que tem ao todo 12).

Também representam o Estado de São Paulo o Vôlei Amil, de Campinas, e o Uniara/Afav, de Araraquara, na feminina; o Funvic/Taubaté e o Vôlei Brasil Kirin, de Campinas, na masculina.

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