São Paulo - região metropolitana

Gestão Doria tenta reduzir gastos e tirar centros esportivos do abandono

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Tabela de basquete quebrada no Centro Esportivo Tietê (Esportividade)

Tabela de basquete quebrada no Centro Esportivo Tietê (Esportividade)

Melhorar as condições dos centros esportivos municipais gastando menos: aparentemente existe uma contradição nessa afirmação, mas é justamente isso o que o futuro secretário de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo pretende implementar na capital paulista a partir de janeiro de 2017. Para o plano ser bem-sucedido, dependerá de duas frentes: das próprias administrações dos CEs e da iniciativa privada local.

Visitando-os em novembro e dezembro, Jorge Damião constatou que as maiores reclamações da população têm a ver com a infraestrutura dos locais. “Muitos estão abandonados”, declarou. “As pessoas precisam no mínimo do básico, como grama cortada. Nós queremos fazer parcerias: se conseguirmos trazer a comunidade e o comércio locais, o CE será gerido de forma diferente. Não é porque é do município que não tem dono: é de cada um que o usa. Daí você começa a dividir responsabilidades. Não adianta o poder público arrumar o CE e o usuário jogar lixo no chão.”

O futuro secretário de Esportes reforçará o combate ao desperdício, que pode ser feito por intermédio de medidas simples, como a troca de uma torneira com vazamento. “Vamos pedir uma redução de custos de no mínimo 20% de cada equipamento, fazendo um controle muito severo de luz, água e material”, afirmou. “Se tem uma coisa que gosto de fazer é aparecer do nada [para fiscalizar].”

Jorge resumiu como acredita que a gestão João Doria será e o que espera do papel do esporte na cidade: “Uma das marcas da administração será acordar cedo, trabalhar muito e dormir tarde. Seguimos o conceito ‘MMM’: ‘fazer mais e melhor com menos’. Queremos que o esporte seja uma ação social forte e que possamos ter a participação das pessoas, principalmente nas regiões mais periféricas, para que elas sejam atendidas com dignidade”. As áreas cobertas desocupadas dos centros esportivos poderão abrigar creches.

É certa a redução drástica de orçamento da secretaria para 2017. Após discussões na Câmara Municipal, foi para R$ 276.888.185 – e o prefeito Fernando Haddad havia previsto R$ 246.171.750. O orçamento aprovado para este ano era de R$ 586.006.560, ou seja, houve diminuição de 52,74%.

O secretário de Esportes de João Doria explicou que essa redução, na verdade, é uma “pegadinha financeira”. “Havia uma promessa de investimento para a criação de quatro minicentros olímpicos dentro do projeto do PAC [que é o Programa de Aceleração do Crescimento federal]. Foi um valor agregado ao orçamento [de 2016]. Isso foi anunciado, mas não saiu do papel. Prejudica o orçamento para 2017, porque poderiam ser aplicadas todas as correções em cima do anterior, e haveria um aumento. Pesquisamos isso por meio da Caixa Econômica Federal, que é quem faz o repasse. Ela abriu o processo para isso, mas o dinheiro acabou não vindo”.

Conselheiros notáveis

Raí e “Magic” Paula são os dois principais nomes do Conselho Gestor e se reunirão mensalmente para discutirem as iniciativas da pasta. “São pessoas que viveram isso e conhecem os dois lados”, afirmou o futuro secretário Jorge Damião. João Paulo Diniz, filho de Abílio e irmão de Pedro Paulo, e Paulo Nigro, presidente dos laboratórios Aché, também serão conselheiros.

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