Filtros solares foram barrados no GP de Brasil de Fórmula 1, diz torcedor
Algumas decisões de quem controlava a entrada do público no setor G, o de ingresso mais “barato” (R$ 525) de Interlagos no GP do Brasil de Fórmula 1 de 2013, disputado em 24 de novembro, deixaram os espectadores indignados. Um deles, Augusto Roque, 33 anos, administrador de empresas e professor, relatou proibição de protetor solar no acesso ao autódromo. Este ano foi o primeiro em que uma empresa especializada foi contratada para cuidar da segurança das dependências do circuito paulistano.
Augusto, que vai anualmente ao evento desde 1996, criticou o processo de vistoria, classificando-o como “extremamente burocrático e lento”. “No site oficial, consta informação de que não podemos entrar com garrafas, guarda-chuva, isopor, coisas que podem ser arremessadas na pista. Só que proibiram a entrada de protetor solar, por exemplo. O tempo em Interlagos é maluco, e não podíamos passar filtro solar”, disse. “Tiraram de uma colega nossa até o rímel que ela usa no dia a dia, porque ela poderia jogá-lo em alguém. Extremamente truculento [o processo].”
O espectador relatou ter tido conhecimento de pessoas que não puderam ingressar no autódromo nem com copinho de água e que, na sexta-feira, não se pôde entrar com produtos alimentícios. “Nos dois dias seguintes, entramos com comida”, contou.
A reportagem do Esportividade procurou a assessoria de imprensa do GP do Brasil, que respondeu: “No caso de filtro solar deve ter havido algum mal-entendido. A organização, inclusive, recomenda o uso de filtro solar no autódromo”. O fã de automobilismo sentiu falta de um maior policiamento nas arquibancadas de Interlagos: “A Polícia Militar [quando atuava internamente] até ajudava a organizar os degraus, as escadas, e neste ano não havia ninguém”.
A Polícia Militar patrulhou em 2013 as adjacências do autódromo, bem como as vias de acesso, os grandes corredores da capital, e disponibilizou 24 policiais militares intérpretes o entorno do circuito. Foram utilizadas 875 viaturas e cinco aeronaves nos três dias do evento.
Embora a organização informe número oficial de espectadores de 66.823 no domingo, Augusto viu arquibancadas mais vazias do que em anos anteriores. “O público estava bem fraco. Fazia tempo que eu não via um tão pequeno para assistir à Fórmula 1. No sábado, desconfiávamos que era por causa da chuva, mas, no domingo, só havia uma arquibancada cheia, e não em sua totalidade. Lembrou muito o público de 2004 e 2005”
O que lhe chamou atenção negativamente também foram os preços dos alimentos nos bastidores das arquibancadas, considerados “abusivos” por ele. O procedimento também foi motivo de críticas. “Não podíamos comprar uma ficha e usar em outro quiosque. Era necessário usá-la exatamente na mesma barraca”, declarou.
Um aspecto, no entanto, evoluiu em Interlagos, segundo Augusto: “O que houve de melhor neste ano em relação aos anteriores foram os banheiros, bem melhores, e existiam papeis higiênicos, água para se lavar o rosto”. Os organizadores dizem que já houve uma drástica redução do número de sanitários químicos no GP do Brasil por causa da instalação de novas redes de esgoto; em breve, esse tipo de banheiro deverá ser extinto do evento.
Torcida
A nona vitória seguida do tetracampeão Sebastian Vettel, da Red Bull, não foi tida como uma grande decepção nas arquibancadas. “Vimos o Vettel fazer história, o que motivou bastante o público que gosta de automobilismo. A pole position e ultrapassagem logo no começo foram bem comemoradas. Fora isso, há um distanciamento meio natural com o Felipe Massa, que foi aplaudido, mas nem de longe tem aquele carisma, aquele carinho do torcida. O Alonso é sempre ‘homenageado’ com xingamentos. Também existiu uma lembrança pró-Ayrton Senna no desfile de pilotos”, disse Augusto.
O fã de automobilismo observa uma redução da popularidade da Ferrari entre os torcedores do setor G. “Hoje a camisa da moda é a azul e é da Red Bull. Existe muita gente com ela. Inclusive os próprios ambulantes já a vendem – em muitos casos, mais até do que as da Ferrari. Aliás, quase não havia gente com camisa da Ferrari [no G]: da McLaren, da Force India, muita da Red Bull, algumas poucas da Ferrari”, contou. Em 2014, Fernardo Alonso e Kimi Raikkonen serão os pilotos ferraristas.
Ouça um trecho da entrevista com Augusto Roque: