Empresas propõem projeto de até R$ 540 mi para o estádio do Pacaembu
A Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo (Seme) tornou públicos os detalhes dos estudos de modernização e gestão do estádio do Pacaembu. De acordo com ela, dois dos três projetos enviados a ela, o de Fernandes Arquitetos Associados (e consorciados) e o da Associação Casa Azul, já se encontram sob a análise do Conpresp – o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo. Confira agora o que mais chama atenção nos dois estudos para o Paulo Machado de Carvalho.
Fernandes Arquitetos
Ideia de ambiência maior, aproximando as arquibancadas do gramado, inclusive as últimas fileiras. No projeto, a primeira fileira está a 5 metros do gramado. O centro do campo foi empurrado em direção ao clube, sem que o gramado seja rebaixado. Há mais espaço do que hoje em relação ao Tobogã para o ginásio.
O estacionamento está abaixo da praça Charles Miller, entre o piscinão e o estádio. São três subsolos para que haja as 2 mil vagas pedidas pelo edital. Não vê espaço em outros lugares, como abaixo das arquibancadas. Sugere que a licitação de estacionamento e de urbanização da Charles Miller seja feita separadamente, para outro investidor.
A cobertura fecha totalmente (retrátil), com ruído à vizinhança de até 50 decibéis (estimado em estudo similar para outro estádio).
Custo sem conjunto esportivo: R$ 540 milhões (estádio: R$ 441 milhões). Projeto de concessão “pura” por 35 anos, sem contrapartida do município.
Capacidade: 41 mil lugares, sendo 50% na anel inferior, 25% no anel superior e 25% distribuído pelo restante do estádio.
Casa Azul
Mauro Munhoz, arquiteto do Museu do Futebol, também no Pacaembu, foi quem fez a apresentação. A ideia da cobertura é de uma estrutura pênsil para escoamento da água e controle acústico na parte retrátil. Há a possibilidade de fechamento completo, o que atende à limitação de ruído. Ele entende que os cabeamentos não afetam a ambiência tombada pelo patrimônio histórico.
Sugere um restauro básico do conjunto esportivo, “que já é muito bom”, com a cobertura da piscina, estimado em pouco mais de R$ 31 milhões.
O primeiro projeto, segundo Mauro, para o Pacaembu só previa as arquibancadas nas laterais do campo. Depois de construído, houve alteração do projeto para construção da arquibancada onde fica a praça Charles Miller, que é exatamente o que terá de ser feito agora do outro lado.
Para completar os 40 mil lugares, rebaixa o campo em 3,20 metros e ganha 6 mil lugares. Ou então a Casa Azul defende a redução da exigência dos 40 mil lugares, ainda mais considerando a existência do Allianz Parque, da Arena Corinthians e do Morumbi. Afirma que o número ideal para o Pacaembu é de 32 mil lugares.
Proposta para estacionamento: propõe a mesma solução do Hospital das Clínicas. Nas duas ruas laterais faz um estacionamento subterrâneo acompanhando a rua para as 2 mil vagas previstas no chamamento. Tem uma importância grande como receita para a sustentabilidade do negócio.
Prevê custo total de R$ 387 milhões, equiparação de investimento em 24 anos e taxa interno de retorno de 2,41%. Sugere como alavanca para subir essa TIR, além de não rebaixar o campo (não chegando aos 40 mil lugares), a não execução da cobertura. Afirma que o cálculo foi muito conservador, sem incluir, por exemplo, receita de naming rights, havendo uma boa margem para aumentar as receitas. Munhoz sugere também a possibilidade de exploração do conjunto esportivo em horários não utilizados pela prefeitura. Propõe a concessão de direito real de uso por 30 anos.
Opinião do Esportividade
Dificilmente a Prefeitura de São Paulo vai conseguir transformar totalmente seus planos para o estádio do Pacaembu, que em 2016 completará 76 anos, em realidade. Duas exigências iniciais são particularmente onerosas: a de 2 mil vagas de estacionamento e a da cobertura.
A complexidade da execução do estacionamento é o que mais chama atenção: em ambos os estudos ele ficaria no subterrâneo. Essa obra elevaria (e muito) os custos para o concessionário, mas, como disse a Casa Azul, “tem uma importância grande como receita para a sustentabilidade do negócio”.
O momento econômico do Brasil não é positivo, e os três grandes times paulistanos de futebol já têm seus próprios estádios. Considerando isso, a secretaria vai ter de repensar o conteúdo de um possível edital de licitação.
E, mesmo que descarte o que não foi considerado viável pelas empresas que elaboraram estudos, há considerável risco de não aparecerem interessados em executar as obras e obter a concessão do estádio municipal.
É válido lembrar que a SPTuris deve lançar em breve o editar do futuro ginásio do Anhembi, que é muito mais interessante para empresas que queiram explorar esporte e entretenimento na cidade de São Paulo.
No cenário atual, faz mais sentido uma parceria da prefeitura com uma confederação como a CBRu, de rugby, modalidade que levou em dezembro mais de 10 mil espectadores ao Pacaembu e que tem patrocinadores fortes, como Bradesco, Unilever e Outback. Poderiam ajudar a pagar boa parte dos R$ 9 milhões anuais gastos pela Seme com o Paulo Machado de Carvalho.
O ano de 2016 será de eleições municipais, e em 2017 o novo prefeito poderá ter uma visão completamente distinta do atual a respeito do Pacaembu. Se a gestão Haddad quiser colocar em prática seus planos, precisará se apressar, mas pensando muito bem nos próximos passos.
Leia também:
Pacaembu e rugby encontram-se quando um mais precisa do outro
Presidente da SPTuris diz que plano do ginásio do Anhembi avança