Em Praga, na República Tcheca, maratona também é programa de família
A equipe do Esportividade participou da 27ª edição da Maratona Internacional de Praga, na República Tcheca, na Europa Central, em 7 de maio de 2023. O evento mostrou como uma corrida de rua, tradicionalmente conhecida como uma modalidade esportiva individual, pode, na verdade, ser um programa familiar, em que o engajamento vem diretamente dos que acompanham o corredor.
Em Praga, foi possível vivenciar a experiência de como o esporte une diferentes nações com idiomas completamente distintos. Enquanto o editor do Esportividade, Andrei Spinassé, percorria os 42,195 km, me coloquei como espectadora em pontos estratégicos da prova.
Como boa parte do percurso foi realizada na zona histórica da capital tcheca, pude me encontrar com o Andrei em quatro oportunidades. No km 3, na ponte Carlos (Karlův most), um dos pontos turísticos mais importantes de Praga; nas proximidades dos km 14 e 30, perto da most Legií, e, finalmente, na linha de chegada. Com o mapa do percurso em mãos e atenta aos prováveis horários de encontro, me vi observando os corredores e pude apreciar a passagem do pelotão de elite, que carregava o futuro vencedor da prova masculina, o atleta queniano Alexander Mutiso (2h05min09s).
Também vi os amadores que se dispuseram a superar os seus limites. Como foi o caso do brasileiro, natural de Maceió (AL), Rômulo de Souza Raffaele Filho. Em sua primeira maratona, completou-a em 4h46min12s. “Tornei-me parte de menos de 1% da população capaz de dizer que é maratonista”, diz. O corredor esteve em Praga com a esposa, que o recebeu com flores na chegada. “Foi maravilhoso ter o apoio dela.”
Ao avistar pacemakeres da prova, que ditavam o tempo em que os participantes fariam o percurso total, me preparava para mais cliques do nosso editor e para sentir a desenvoltura dele durante a prova. Meus olhos o procuravam na multidão, e era uma alegria imensa vê-lo passar por mim com um sorriso largo no rosto, mostrando que o treinamento tinha funcionado. Não apenas os de corrida, mas também a musculação, a natação e, inclusive, as massagens relaxantes. Com apoio de ClassPass acompanhei de pertinho essa fase, e o resultado se mostrou na prova com uma performance quase 30 minutos mais rápida do que a da maratona anterior.
Depois de cada ponto de encontro, antes de me deslocar pelas ruas de Praga, aproveitei o momento para observar a multidão. Em um desses casos, percebi um garotinho, de não mais que sete anos, olhando atento aos corredores que passavam. Quando, finalmente, viu quem tanto aguardava, ele vibrou de alegria. Em tempo, o garoto ainda entregou “carbogel” ao atleta. Vi naquela cena que a fonte de energia vinha dos frascos — e do gesto. Arrisco-me a dizer que aquele pequeno contato com um familiar pode ser o verdadeiro combustível de um maratonista.
Ao caminhar para o próximo ponto de encontro, me lembrei da primeira vez que a equipe do Esportividade começou a sonhar em não apenas cobrir, mas também participar de uma maratona. Tão distante daquela época, veio à cabeça um ditado popular que diz que precisamos nos afastar dos nossos sonhos para enxergá-los melhor. E daqui, diretamente de Praga, na República Tcheca, na Europa Central, compreendo tal coisa. E isso só foi possível por meio do apoio de Czech Tourism e RunCzech, que entenderam a importância da corrida de rua para os brasileiros.
Neste ano, por exemplo, 14 brasileiros estiveram em Praga para fazer a maratona. Como foi o caso da Dirce Matos, de Balneário Piçarras (SC). Com um tempo de 4h43min13s nos 42k, apesar do frio nesta época do ano (entre 10 e 15 graus), ela disse que a alegria da multidão a impulsionava cada vez mais para a linha de chegada. Dois outros brasileiros participaram da maratona na modalidade revezamento.
Notei que nem sempre os encontros com um membro da família ocorriam para a entrega de um suplemento alimentar. Mesmo assim, era nítida a alegria de avistar o corredor se aproximando. Em alguns casos, apenas um gritinho; em outros, um pequeno toque de mão. Tudo era permitido. No meu penúltimo encontro com o Andrei, levantei a bandeira do Brasil e soltei gritos de incentivo em português, notados por outros turistas, que, mesmo não entendendo a nossa língua, compreenderam o intuito da felicidade e vibraram comigo.
O clima da prova era de bastante festa, o que mostra que os tchecos são tão apaixonados por corrida quanto os brasileiros. Trata-se de um evento importante ao país, e o presidente da República Tcheca, Petr Pavel, deu o tiro de largada da prova.
Quem acha que uma maratona não é para você ou para sua família encontra-se redondamente enganado. Havia a opção de realizar a maratona em revezamento com mais um colega, cada um percorrendo 21,097 km. Já no sábado, um dia antes da maratona, houve duas provas: a Family Mile, corrida de pouco mais de uma milha para pais e filhos, e a Bambini Run, corrida para as crianças pequenas de 100, 150 e 200 metros.
Nos 42,195 km, na reta final, me coloquei a postos para acompanhar a chegada do editor do Esportividade. Lá longe, o vi carregando a bandeira do nosso site e com o mesmo sorriso largo no rosto de quem sabia que tinha acabado de alcançar um RP (recorde pessoal), realizando a prova em 3h34min08s.
O evento ainda contou com uma festa all inclusive para os maratonistas (bastava apresentar medalha ou número de peito) no Hilton, o maior hotel da cidade. E, para a grande surpresa desta repórter, durante a festa tocou “Ai se eu te pego”, do cantor Michel Teló.
Lá foi divulgado um esperado resultado final. Ao se inscrever na prova, o corredor escolhia um time entre as cinco possibilidades na chamada “Batalha dos Times”. Além dos seis corredores de elite em cada um dos grupos, os corredores amadores “entravam” na batalha somando seus tempos. O corredor amador mais rápido ganhava um prêmio em dinheiro. E uma equipe foi considerada a vencedora, unindo profissionais e amadores em uma mesma disputa.
A cobertura do Esportividade da Maratona Internacional de Praga, na República Tcheca, contou com o apoio de Czech Tourism, Adidas Brasil e ClassPass.
Leia o texto escrito por Andrei:
Maratona de Praga: por que a corrida tcheca é uma das mais belas da Europa