Diretores veem necessidade de torcedor ficar mais tempo em estádio
Gestores e construtores de novos estádios brasileiros avaliam que manter os torcedores dentro do estádio por mais tempo é necessário para uma melhor saúde financeira dos empreendimentos. O ex-presidente corintiano Andrés Sánchez, agora encarregado de representar o clube nesta etapa de construção da Arena Corinthians, diz que, além de ser fundamental a realização constante de outros eventos que não sejam de futebol, não basta que as pessoas apenas cheguem ao local, assistam às partidas e saiam.
“Clubes e administradores têm o desafio fazer o torcedor chegar ao local duas ou três horas antes do jogo e tentar mantê-lo lá duas ou três horas depois do espetáculo”, disse Sánchez, que fez uma proposta ousada: “Em jogos que começam às 22h, o cara não vai sair do estádio às 2h, mas ele sai da balada às 4h, então também não existe problema: podemos fazer uma balada depois do jogo. Precisamos inventar fórmulas para manter o torcedor o máximo de tempo possível dentro do estádio”.
Embora veja necessidade de realização de outros eventos, Sánchez acredita que o gramado deva ser poupado:“É só para jogador de futebol. Esse é um problema que todos os estádios enfrentam: já pensam em um meio de ajustar isso para não prejudicar o espetáculo do futebol”.
Carlos Eduardo Paes Barreto, diretor de desenvolvimento da OAS Investimentos, disse que eventos de menor porte são a solução mais viável. “Diversos pequenos eventos podem ser feitos”, afirmou. “Trazer o grande artista [para shows] é muito complicado: faz parte de uma outra grande indústria com a qual buscaremos entendimento. Se atrapalharmos o conteúdo do futebol, perderemos o que temos de principal no que se refere ao torcedor e às receitas. Acredito na linha complementar ao calendário de futebol”.
Dênio Cidreia, diretor de entretenimento da Odebrecht Properties, deu algumas sugestões sobre o que poderia ser feito para chamar a atenção do público a fim de que ele passe mais tempo dentro do estádio e consuma mais nas lojas e nos restaurantes: partidas preliminares, exibição de documentários sobre futebol. “Precisamos identificar o que examente o torcedor do futebol vê como atrativo para chegar antes e sair depois”, afirmou.
Atualmente, acontece justamente o oposto: muitos torcedores permanecem na porta do estádio por mais tempo, a fim de consumirem bebidas alcoólicas, que foram proibidas pela CBF lá dentro em 2008, e entram nele a poucos minutos do início da partida. “Hoje a quantidade de catracas não atende a essa demanda [de última hora]. Em nenhum lugar do mundo funciona dessa forma”, declarou Cidreia, que entende que deva haver uma motivação para que se possa chegar mais cedo ao estádio: “Vamos motivar o torcedor a entrar de forma antecipada, não forçá-lo a isso”. Ele defende a venda de bebidas de baixo teor alcoólico nos palcos esportivos.
Negociação de naming rights
Andrés Sánchez revelou que há três quatro empresas em negociação com a Arena Corinthians para batizá-la. “Veremos se até o fim do ano fechamos com alguma”, disse.
A construção do estádio corintiano, que receberá a abertura da Copa do Mundo e outros cinco jogos do Mundial, tem conclusão prevista para dezembro deste ano.