De nome oficial errado a hino: veja leis curiosas criadas para Interlagos
Como um patrimônio da cidade de São Paulo, o autódromo de Interlagos já foi alvo de leis e projetos de lei ao longo de sua longa história. Alguns decretos salvaram-no, mas outros deixaram claro como algumas das autoridades municipais desconheciam o automobilismo.
Em 27 de dezembro de 1950, foi publicado um decreto que tornou Interlagos um imóvel de utilidade pública “para o fim de ser desapropriado amigável ou judicialmente”. Naquela época, era real o temor de que a S/A Auto-Estradas, criadora e proprietária do autódromo, fosse lotear o terreno para vendê-lo, pois estava em dificuldades financeiras. “A existência do autódromo é uma necessidade. Não poderia ele, em hipótese alguma, desaparecer”, já dizia o prefeito Lineu Prestes em entrevista à Folha da Manhã de 20 de junho de 1950. Nos anos seguintes, o circuito foi incorporado ao patrimônio público.
Quase 35 anos depois, em 26 de dezembro de 1985, uma lei tinha como fim homenagear um piloto brasileiro, mas um erro de grafia demonstrou falta de cuidado e conhecimento dos que a redigiram. A administração do prefeito Mario Covas quis dar a Interlagos o nome de José Carlos Pace, vencedor do Grande Prêmio do Brasil de 1975, morto em um acidente aéreo em março de 1977. A lei, porém, foi publicada assim: “Fica denominado ‘José Carlos Pacce’ o Autódromo Municipal de São Paulo, da Secretaria Municipal de Esportes”. Esse erro foi propagado de tal forma que até mesmo em 2007 um vereador se referiu ao autódromo “José Carlos Pacce” em um projeto de lei.
Ainda sobre denominação, em 2004, quando a morte de Ayrton Senna completou dez anos, o vereador Antonio Salim Curiati (PP) propôs o seguinte nome para Interlagos: “Autódromo Internacional José Carlos Pacce e Ayrton Senna da Silva”. O kartódromo de Interlagos se chama Ayrton Senna desde 9 de maio de 1994.
Os vereadores tentaram fazer com que houvesse um museu sobre o tricampeão em Interlagos, mas a proposta não saiu do papel. “O memorial [que seria construído pelo poder executivo] conterá filmes, fotografias, imagens, protótipos de carros, macacões de corrida, dentre outras formas que possam lembrar a figura do ‘Herói Brasileiro’ Ayrton Senna da Silva”, dizia o projeto de lei número 187/94, do vereador Edivaldo Estima.
A questão da grafia do nome de pilotos voltou a aparecer em 1997. Em projeto de lei do vereador Antonio Goulart estava prevista a implantação do “Museu Airton Senna”.
Já houve uma lei, de 1993, que oficializou “o Hino de Interlagos para empolgar as corridas de Fórmula 1”. A ideia era que o hino fosse “executado por uma banda no início e encerramento das festividades do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1”. A história voltou à tona em 2007, quando o prefeito Gilberto Kassab promulgou uma lei cujo artigo 14 tratava justamente da necessidade de execução do “Hino de Interlagos”. A letra da música, composta por Adolphino Rosário Cruz, pode ser lida clicando aqui.
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