Dados da FPA sobre corrida de rua mostram um cenário que não existe mais

Viaduto da avenida Doutor Abraão Ribeiro durante São Silvestre (Esportividade)
A Federação Paulista de Atletismo apresentou no domingo, 14 de março de 2021, um grande relatório sobre a corrida de rua no estado. Com dados de duas fontes – as estatísticas de eventos reconhecidos pela FPA em 2019 e uma pesquisa disponibilizada no site da entidade de 8 de abril de 2020 a 12 de setembro de 2020 –, retrata um cenário não mais existente em março de 2021. A pandemia de covid-19 afetou severamente o mercado de eventos, e é impossível dizer que a retomada se dará do exato ponto de parada, datado de março de 2020.
O número de corridas com permit da FPA foi de 458 no ano de 2019, 15 a mais que em 2018 e 29 a mais que em 2017. A média de participantes por evento, no entanto, foi reduzida: em 2017, era de 2.121,5; passou a ser de 2.110 em 2019.
Esses números contam a história da corrida de rua no estado de São Paulo até 2019, e o “vácuo” de 2020 e 2021 causado pela mais grave crise sanitária do século XXI levará o setor a um recomeço, que será marcado por empresas e proprietários endividados – devendo, além disso, uma série de provas para os consumidores – e por participantes em situação econômica desfavorável. Essa combinação é bastante negativa para o mercado em curto prazo.
A esperança vem do depoimento de assessorias esportivas que dizem ter crescido durante a pandemia de covid-19, já que a preocupação com a saúde só tende a aumentar. Por causa das características da propagação do novo coronavírus (Sars-CoV-2), atividades ao ar livre tornaram-se mais valorizadas que as em ambientes fechados. Em médio e longo prazos, portanto, é possível que o mercado paulista da corrida de rua até ultrapasse a marca de 2019.
A pesquisa com os corredores, por outro lado, é mais próxima da atualidade, e 29% deles dizem ter renda mensal de R$ 2.500 a R$ 5 mil por mês; 32% têm entre 36 anos e 45 anos de idade. Uma parte dela, porém, não parece muito correspondente à realidade das corridas: só 31% dos que responderam à pesquisa eram mulheres, e sabe-se que esse percentual, na vida real, é maior que 45%.