‘Cultura da corrupção’ também atinge as corridas; é combatida por instituto
Corte de caminho para um ganho de vantagem. Elevação da idade real no momento da inscrição para a obtenção dos 50% de desconto destinados aos com idade igual ou superior a 60 ou para a inscrição de corredor com idade inferior à permitida. Participação no lugar de outra pessoa sem autorização da direção de prova. Inversão de chips entre atletas para que um deles possa ter mais chances de pódio. Todas essas ações contradizem os regulamentos das corridas de rua, mas não são raras de serem vistas, principalmente a cessão de número de peito e chip a um terceiro não inscrito. Vêm, segundo o Instituto Não Aceito Corrupção, da “cultura de corrupção”, mas elas não são corrupção propriamente dita.
“Por definição, corrompe quem oferece vantagem indevida a um funcionário público a fim de que ele faça ou deixe de fazer algo do seu interesse, e é corrompido o funcionário que aceita ou solicita essa vantagem”, disse Monica Rosenberg Braizat, diretora executiva do instituto, que promoverá uma prova pedestre, a 2ª Corrida Não Aceito Corrupção, no dia 11 de dezembro de 2016, domingo, em São Paulo.
De acordo com Monica Rosenberg, ações como as mencionadas, no entanto, fazem parte do que se pode chamar, em uma perspectiva ampla, de “cultura de corrupção”, pela qual comportamentos antiéticos são tolerados. “Somando-se a isso um sistema econômico e político complexo, em que amizade é uma moeda forte e impunidade é quase certa, acabamos transformando o ‘jeitinho brasileiro’ de vencer obstáculos em um desrespeito generalizado a todas as regras, legais ou morais”, afirmou.
Como esses comportamentos têm uma origem histórica, “precisamos de instituições fortes e persistência da sociedade a fim de mudá-los”, segundo Monica, advogada integrante da diretoria da ONG, que é suprapartidária e multidisciplinar e que atua em três eixos: pesquisa, educação/mobilização e políticas públicas. “Se conseguirmos mudar a percepção de cada indivíduo, esses desvios de conduta serão rejeitados pelos próprios pares e se tornarão socialmente insustentáveis”, declarou.
O regulamento da Não Aceito Corrupção é bem claro quanto à proibição da cessão de lugar: “A inscrição é pessoal e intransferível, não podendo qualquer pessoa ser substituída por outra”. No entanto, na maior parte das vezes, os organizadores de corridas não dão aos atletas que por ventura tenham de se ausentar da prova mecanismos de transferência autorizada de inscrição. Pelo Código de Defesa do Consumidor, o atleta pode desistir do contrato no prazo de sete dias – contados a partir da efetivação da inscrição.
A questão dos “pipocas”, que são os que correm sem estarem inscritos, é mais complexa e polêmica. Em provas que ocorrem em vias públicas, não podem ser proibidos por lei ou regulamento, mas podem ocasionar alguns problemas para os participantes inscritos – risco de superlotação e falta de água – e para os organizadores, já que estes passam a não ter como prever o público total, um número essencial para o planejamento de qualquer evento.
Corrida Não Aceito Corrupção
A prova está marcada para o dia 11 de dezembro, com largada às 7h, nas modalidades caminhada (3 km) e corrida (5 km e 10 km). O percurso é novo, embora a largada seja na já conhecida praça Charles Miller, no Pacaembu, em São Paulo. A primeira edição da corrida, realizada em 2015, teve 1,9 mil participantes.
As inscrições podem ser realizadas pela internet (clique aqui). O preço para o primeiro lote é de R$ 60 (até 31/10) e para o segundo lote, R$ 70 (a partir de 1º/11). Utilizado o cupom ESP881298, leitores do Esportividade têm 10% de desconto (sobre o valor de inscrição, não sobre o total, com taxa de serviço). O inscrito também poderá optar por doar R$ 25 ou R$ 50 ao instituto.
O atleta receberá um kit contendo camiseta, número de peito, gym bag e medalha finisher.
Complicado. Na minha opinião a corrupção está no sangue do brasileiro. Reclamam tanto dos políticos mas sempre que aparece uma situação em que podem tirar vantagem o fazem.
Muito legal a iniciativa da Corrida Não Aceito Corrupção