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Futebol 06/11/2013

Conheça como surgiu e quais são as propostas do movimento Bom Senso

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Membros do Bom Senso FC após reunião

Membros do Bom Senso FC após reunião

O Bom Senso FC é um movimento iniciado em setembro de 2013 cujo principal objetivo é a alteração do calendário do futebol brasileiro, eliminando o excesso de jogos dos times grandes e aumentando a programação anual dos pequenos.

O zagueiro Paulo André, do Corinthians, é um dos porta-vozes da iniciativa. Entenda, de acordo com ele, como ela se deu e aonde ela quer chegar.

Origem

O movimento começou durante uma conversa entre Alex e Juan, ainda dentro de campo, no fim do jogo Coritiba x Internacional, no Couto Pereira, em 1º de setembro. Os dois diziam que estavam cansados e que não viam condições de haver um espetáculo de qualidade no futebol brasileiro devido ao número de jogos e ao curto período de preparação. Paulo soube dessa conversa e tratou de conseguir o telefone de Alex, ligar para ele e dizer que sentia o mesmo e que Juninho Pernambucano, Seedorf e outros atletas haviam dado entrevistas com discurso semelhante.

A partir daí, a vontade dos atletas estourou. Em três dias, havia 75 membros, jogadores importantes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, que decidiram criar o Bom Senso FC. Os atletas aguardaram as posições do sindicato da categoria e a da CBF e a divulgação do calendário de 2014. O anúncio do cronograma, com início das competições em 12 de janeiro (data-base) por causa da Copa do Mundo, foi o estopim da revolta.

Os cinco pontos

Os atletas foram recebidos pela CBF e apresentaram cinco pontos: o respeito aos 30 dias de férias, a necessidade de se ter uma pré-temporada mais longa para a preparação dos times, a disputa de até sete jogos por mês para cada equipe, o chamado fair play financeiro – referente à saúde financeira e ao pagamento das dívidas fiscais dos clubes – e a representatividade nos conselhos técnicos.

A entidade máxima do futebol brasileiro e as federações quiseram mostrar serviço. Houve inclusive alteração da fórmula do Campeonato Paulista, cujo início foi adiado para a semana seguinte. “As medidas paliativas de ceder os 30 dias de férias e o aumento de preparação para o início da temporada não resolvem em nada a situação dos atletas de times pequenos”, disse Paulo André, segundo o qual menos de 10% dos clubes profissionais brasileiros têm jogos durante o ano todo e os outros só têm os campeonatos estaduais para disputar, o que faz com que seus jogadores passem por sérias dificuldades.

Insatisfação

Na primeira reunião do Bom Senso com a CBF, com a presença de 22 atletas de diversos clubes, eles disseram que aceitariam um 2014 sem alterações radicais por entenderem que havia acordos pré-estabelecidos, desde que em 2015 houvesse modificação estrutural importante.

“Percebemos na segunda reunião que as mudanças foram paliativas e que mudanças estruturais não foram feitas nem discutidas da maneira adequada”, disse Paulo André. “Existe plano político de manutenção de poder, não um plano esportivo de capacitação de treinadores, de formação de atletas, de modelos para o futebol brasileiro, de oferta de condições para os clubes do interior.”

Manifestações

Antes da segunda reunião, no meio de outubro de 2013, houve uma forma de manifestação com participação dos atletas dos clubes da Série A: abraço coletivo de um minuto antes de cada partida entre ambas as equipes.

Houve nesta semana reunião entre jogadores para serem decididas algumas manifestações que serão feitas nas próximas rodadas “para mostrar o descontentamento com as medidas de CBF e federações e preocupação com os caminhos do futebol brasileiro”, de acordo com o zagueiro.

Adesão

Paulo André diz que mais de mil atletas de clubes das séries A e B já estão com o movimento. Dois clubes manifestaram apoio: Santos e Bahia. Outros clubes de forma não oficial disseram apoiar os pontos defendidos.

2015

O corintiano diz que, para 2015, a Globo, detentora dos direitos de transmissão dos principais campeonatos nacionais, não quer que haja futebol no mês de janeiro.

Paulo disse que o problema do excesso de jogos poderia ser resolvido se não houvesse mais partidas durante as datas Fifa. O zagueiro deu algumas sugestões: redução dos estaduais, contanto que não prejudique os times pequenos, e mata-mata sem jogo de volta na Copa do Brasil.

O Bom Senso quer que, no máximo, uma equipe faça 73 jogos durante um ano. A proposta da CBF para 2015, segundo o corintiano, prevê dez partidas a mais do que isso.

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