Brasileiro nunca se interessou tanto por skate como na Olimpíada de Tóquio
Rayssa Leal, do skate street, compete em São Paulo (Pablo Vaz/Divulgação)
O skate nunca teve tanta visibilidade no Brasil. As buscas pela modalidade no Google dispararam após as conquistas das três medalhas de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, as de Kelvin Hoefler (street), Rayssa Leal (street) e Pedro Barros (park), batendo um recorde.
Antes da Olimpíada de estreia da modalidade, a palavra “skate” tinha tido seu ponto máximo de interesse em março de 2013, quando Chorão, líder e vocalista da banda Charlie Brown Jr. e skatista amador, morreu. Os resultados positivos no Japão levaram “skate” a um novo patamar dentro do Google (44% de crescimento).
Não foi só no Google que o acréscimo de interesse foi demonstrado. Segundo o Winnin Insights, a “Fadinha” teve um um aumento de 3,6% de seguidores no seu perfil do Instagram entre os meses de maio e junho de 2021. Antes da Olimpíada, no início de julho, ela tinha cerca de 628 mil seguidores e, hoje, ela já bateu a marca de 6,6 milhões (950% a mais).
Ainda de acordo com o Winnin Insights, a audiência geral do tópico “skate” é 35% feminina e 65% masculina, mas, no que se refere ao público mais jovem (13-17), percebe-se um equilíbrio no interesse da audiência.
Dados da Sponsorlink, pesquisa do Ibope Repucom, mostram que 57% dos 5,2 milhões de praticantes de skate no Brasil são jovens entre 18 e 29 anos. E mais: 41% são mulheres. Revela ainda que os fãs do skate também são jovens, com 36% do público tendo entre 18 e 29 anos.
Pedro Barros faz manobra na pista do parque Cândido Portinari (Pablo Vaz/Divulgação)
No Twitter, Rayssa foi a esportista mais mencionada por brasileiros; skate, a modalidade esportiva mais comentada. “O número de tweets sobre skate cresceu quase 30 vezes no Brasil entre os dias 23 e 29 de julho se comparado à semana anterior — só na segunda-feira, dia em que Rayssa [13 anos] levou a medalha, foram contabilizados mais de 5 milhões de tweets sobre o esporte no país”, diz o Twitter.
Houve impacto também na venda de produtos. Ao longo da segunda-feira da medalha de prata da “Fadinha”, 26 de julho de 2021, o Mercado Livre, em comparação com as aquisições registradas nas quatro segundas-feiras anteriores, contabilizou um crescimento de 50% nas vendas da categoria “skate e patins”.
De acordo com levantamento realizado pela OLX, uma das maiores plataformas de e-commerce do Brasil, a busca pelo termo “skate street” apresentou uma ampliação de 153% entre os dias 25 e 26 de julho — em comparação com o mesmo período no mês anterior. Em relação às vendas, o aumento foi 51% para skate e 67% para skate longboard. A Decathlon teve o dobro de faturamento nas famílias de skates (que contemplam usuários iniciantes e intermediários) no primeiro dia pós-prata da maranhense.
Kelvin Hoefler (Julio Detefon/Divulgação)
A Centauro também registrou crescimento expressivo de buscas por produtos relacionados às modalidades olímpicas. Em algumas categorias, foi superior a 400%, como foi o caso dos produtos para prática do skate. Já as buscas por itens de surfe dobraram.
Gustavo Milo Marasco, gerente executivo de marketing da Centauro, disse que mais efeitos serão sentidos de agora em diante: “Durante os Jogos Olímpicos, surgem novos ídolos e, consequentemente, crescem a procura e o número de praticantes de determinadas modalidades. É diferente da Copa do Mundo, por exemplo, em que as pessoas compram um produto específico (a camisa da seleção brasileira de futebol, por exemplo) para acompanhar o evento. O efeito Olimpíada é menos agudo, porém mais duradouro. Muitas crianças, a partir de agora, vão começar a andar de skate e comprar produtos da modalidade ao longo do tempo”.
A tendência, então, é que mais crianças queiram a aprender a andar de skate. O GetNinjas, maior aplicativo para contratação de serviços do Brasil, identificou um aumento significativo de 165% na procura por aulas de skate de em julho de 2021 — comparando-o ao mês anterior.