Brasil Open-15: público esperava mais de favoritos, mas aplaude os finalistas
Os espectadores do Brasil Open de 2015 acreditam não terem visto o melhor tênis dos favoritos no torneio paulistano. O campeão, que foi o uruguaio Pablo Cuevas, era entre os participantes o quarto mais bem posicionado no ranking da ATP antes de o evento começar. O vice-campeão, o italiano Luca Vanni, foi a grande surpresa da competição e ainda está fora do top 100. O público, porém, assistiu a uma grande final.
O calendário afetou diretamente o Brasil Open. Foi disputado uma semana antes do Rio Open, um torneio que rende ao campeão 500 pontos – contra 250 do evento de São Paulo. O espanhol Rafael Nadal foi campeão do Brasil Open de 2013, mas, assim como em 2014, vai competir no evento carioca, considerado de maior porte.
O espanhol Tommy Robredo, o italiano Fabio Fognini e o argentino Leonardo Mayer eram justamente os três participantes do Brasil Open-2015 mais bem ranqueados, mas nem sequer chegaram às semifinais. Estarão no Rio Open com Nadal e David Ferrer a partir desta segunda-feira, 16 de fevereiro.
Para a torcida, eles não foram ao limite em SP. “Utilizam o Brasil Open como uma espécie de preparação para começar a temporada [do saibro]. É mais ou menos uma pré-temporada de luxo”, disse Rogério Barbosa, consultor de informática. “Eles se preparam para a temporada de acordo com o calendário. Se eles derem o máximo deles aqui não vão aguentar jogar na temperatura de lá.” Os torneios sul-americanos de fevereiro representam os primeiros da temporada do ATP World Tour jogados no saibro.
“Se não tivéssemos o Rio Open na semana seguinte, teríamos um Brasil Open disputado com mais vontade. Os tenistas que disputam os dois vão dar sempre o melhor de si no torneio de 500”, opinou ainda Rogério.
Allan Pelosi concorda: “Os principais jogadores dão mais foco no Rio Open, cuja premiação é maior. Não se empenharam tanto quanto vão se empenhar no Rio”. Quem se dá bem no Brasil Open, de acordo com o empresário, é quem valoriza o torneio paulistano. “Para o Cuevas é importante ganhar um ATP 250; outros almejam um ATP 500”, afirmou ele, que foi de Goiânia a São Paulo especialmente para assistir ao torneio pelo segundo ano consecutivo. Questionado se foi bom para ele ser fim de semana de Carnaval, respondeu: “Atrapalhou porque a mulher ficou brava em casa. O fato de ser Carnaval passa para a esposa a impressão de que depois do jogo vamos para a balada, o que não é verdade”.
O coordenador de TI Bruno Galera preferiu valorizar os finalistas e não desmerecer quem ficou pelo caminho: “Você precisa dar mérito aos que chegaram às decisões”. A namorada dele, a coordenadora de eventos Kátia Rachid, acredita que o evento poderia ter sido mais divulgado: “Conhecemos pessoas que queriam estar aqui, mas falta um pouco mais de divulgação. A do Carnaval é massiva e a do Brasil Open de 2015 ficou um pouco apagada”. Em nenhum dos dias do torneio o ginásio do Ibirapuera ficou cheio. Embora neste ano os preços estivessem mais baixos que os de 2014 e fosse possível assistir às decisões de duplas e simples por R$ 70 (valor inteiro), no domingo o público era apenas razoável – cabiam 9 mil pessoas lá.
O uruguaio Pablo Cuevas, 29 anos, é um tenista em ascensão que, com o título do Brasil Open – seu terceiro individual no ATP World Tour –, chegou à melhor posição da carreira no ranking da ATP: a 23ª. A vitória em São Paulo foi muito significativa. A 23ª colocação é a melhor de um uruguaio na história.
Para Luca Vanni, italiano de 29 anos até então desconhecido do grande público, o Brasil Open foi ainda mais especial: antes da competição paulistana nunca havia vencido um jogo de chave principal de um torneio do ATP World Tour. Passou pelo qualifying no Ibirapuera e deu sorte: com a desistência de Feliciano López, foi posicionado como se fosse o cabeça de chave número um do torneio. Antes do Brasil Open-15 nunca havia dado coletivas de imprensa. Insatisfeito com sua raquete, comprou algumas na loja do evento. E com elas jogou muito bem e até teve a chance de sacar para fechar a partida, mas não conseguiu confirmar o serviço. Virou o “queridinho” dos jornalistas, que até lhe ofereceram pudim ao fim da coletiva de domingo, 15 de fevereiro. Foi ele quem eliminou o brasileiro João Souza, o Feijão, no sábado. Só se profissionalizou em 2006, aos 21 anos.
Outros sul-americanos obtiveram o título de duplas: os colombianos Juan Sebastián Cabal e Robert Farah, que bateram na final o italiano Paolo Lorenzi e o argentino Diego Schwartzman. E Lorenzi foi vice-campeão do Brasil Open também em 2014, mas do torneio individual, em que foi superado na final pelo argentino Federico Delbonis em outra final sem estrelas.
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