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Automobilismo 21/11/2013

Ayrton Senna divertia-se com voltas “na contramão” em Interlagos

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Ayrton Senna no pódio do GP do Brasil de 1993, vencido por ele (Norio Koike/Divulgação)

Senna no pódio do GP do Brasil de 1993, vencido por ele (Norio Koike/Divulgação)

O Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 é um evento tenso, em geral, para os pilotos brasileiros, pois, além da expectativa da torcida, eles têm uma semana atarefada, com diversos compromissos com patrocinadores e imprensa. Com Ayrton Senna tudo isso ganhava dimensões maiores, ainda mais pelo fato de que ele venceu pela primeira vez em casa apenas no ano em que obteria o tricampeonato, em 1991. Mas Senna dava um jeito de ir ao autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, para se divertir, deixando toda a tensão de lado. Quando quase ninguém estava lá, o tricampeão gostava de pegar o sentido inverso do circuito paulistano, que é homologado como anti-horário, para experimentar as curvas de uma maneira completamente nova.

Quem conta essa história é Edgard Mello Filho, jornalista e ex-administrador de Interlagos. “Era quase um lugar-comum, um ritual dele”, disse, referindo-se ao gosto especial de Senna. “As curvas passam um sabor diferente. Imagine aquela Junção ao contrário, em descida em vez de em subida.” Edgard contou que, quando podia, Senna visitava o autódromo para saber como estava o circuito. Nessas ocasiões, o piloto até se arriscava a dirigir um “Opala velho” cujo apelido era Onça: “Muito podre, mas todo enjoado, de pneus novos”, nas palavras do ex-administrador. Mas às vezes Senna guiava as belas máquinas com as quais ia ao local, “e a voltinha dele na contramão era imperdível”.

Edgard recordou-se de uma vez especial: no fim de 1993 ou no começo de 1994, Ayrton emendou uma volta ao contrário na outra e não queria saber de parar. “Ele começou a descascar, descascar, e decidi provocá-lo um pouco. Era um daqueles dias em que era para ser assim. Ele resolveu acelerar e eu, provocar. Então, aticei um pouco, simulava uma narração em que dizia que ele estava sendo perseguido por aquele piloto francês narigudo [Prost] e que o inglês [Mansell] também vinha perto, queria passá-lo por fora, e ele dizia: ‘Não vai passar! Não, por fora não passa”’. E começou a descascar com aquela encrenca lá, uma perua Audi – o carro era um demônio. Foi memorável”, contou o jornalista.

Ayrton Senna lidera pelotão em Interlagos, mas no sentido convencional

Ayrton Senna lidera pelotão em Interlagos em 1991, mas no sentido convencional

Outro carro usado por Senna nessas brincadeiras era um Fusca “cuja porta nunca fechava”, de acordo com Edgard. Em voltas normais, segundo ele, o tricampeão costumava estacionar para vistoriar determinados trechos da pista e dar sugestões de como melhorá-los. “Enfim, após o término, virava e dava cinco ou seis voltas na contramão”, relatou o ex-administrador.

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