Atletas conhecem lado ‘selvagem’ de Interlagos em corrida de obstáculos
Pelo autódromo de Interlagos a maioria dos grandes pilotos da história do automobilismo já passou. Em 1952, ano do quinto Grande Prêmio Cidade de São Paulo, até o argentino Juan Manuel Fangio correu no circuito paulistano, que foi inaugurado em 1940, recebeu a Fórmula 1 pela primeira vez em 1972 e, desde 1990, é, sem exceção, a casa do Grande Prêmio do Brasil. Toda essa história, no entanto, é vagamente lembrada quando se disputa uma corrida de obstáculos lá.
- Confira resultado de votação:
Melhores parques paulistanos para a prática de corrida
Cerca de 450 corredores reuniram-se na região interna do autódromo em uma fria manhã 9 de julho, quinta-feira de feriado estadual, mas não para correr de automóvel lá. Na Iron Race, corrida de obstáculos militarizados, o atleta dependia totalmente de si mesmo para superar os desafios propostos pela organização do evento e o cansaço para, ao fim dos 5 km, poder receber uma medalha de participação.
Uma sequência de “chicanes” (ou “esses”) no estacionamento interno do autódromo marcava o primeiro trecho da prova. Comparada com o que viria a seguir, essa parte era sossegada. Subida de escadão de metal, carregamento de saco pesado e salto sobre portão eram alguns dos obstáculos anteriores ao grande momento para os fãs de automobilismo: a passagem por um trecho do circuito principal, a Descida do Lago, mas percorrida como subida. Essa era a hora em que os atletas pensavam em esporte a motor, nas glórias automobilísticas do passado e se sentiam realmente em Interlagos.
A partir daí, a sensação de estar em Interlagos praticamente desaparecia, uma vez que no trecho chamado de “charco” pela Iron Race, paralelo à Reta Oposta, o atleta só via terra, lama e vegetação. Ficavam lá os obstáculos que sujavam mais os participantes, como uma travessia sob rede em que o atleta deveria avançar sentado e de costas, dando impulso com as mãos. Famoso rastejamento sob arame farpado também estava localizado nessa região.
Sujos e cansados, os participantes dirigiam-se novamente ao estacionamento interno do autódromo, onde passaram por barreira de pneus e tiveram de carregar mochila pesada e, em seguida, puxá-la de volta à origem por meio de uma corda. O último obstáculo era subida e descida de morro artificial de terra, de onde o pórtico de chegada era visto.
O que mais impressionou foi o uso do autódromo como espaço poliesportivo. Na maior parte da prova o atleta nem sequer se lembrava de onde estava, pois a corrida em si ocupava toda a sua mente. Saber qual era o obstáculo seguinte era mais relevante naquele momento que se lembrar das duas vitórias de Ayrton Senna ali.
Mas, ao fim do evento, era inevitável voltar a pensar em automobilismo, já que os atletas voltaram a pé ao estacionamento do portão 7 e, consequentemente, avistaram toda aquela lendária pista. Puderam dizer aos amigos que correram em Interlagos, que, porém, mal parecia Interlagos como o conhecemos. Um novo autódromo havia sido descoberto por eles.
Leia também:
Interlagos: pilares de novo centro de controle estão instalados; veja fotos
Atletas passam por lama e obstáculos no centro do autódromo de Interlagos