São Paulo - região metropolitana
Corrida de rua 16/10/2024

Assim como passagem na aviação, inscrição na corrida não pode ser cedida

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade

Corrida na avenida Rubem Berta, na zona sul de São Paulo (Esportividade)

Uma vez comprada em nome de uma pessoa, uma passagem aérea não pode ser cedida a outra. A Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, diz que “o bilhete de passagem é pessoal e intransferível”. Além da questão de segurança aérea, existe uma preocupação com quem está no solo: em caso de acidente, não pode haver o risco de comunicação com a família errada, com a de alguém que nunca embarcou. Em grau menor, isso também pode acontecer na corrida de rua. Imagine se um atleta correndo com o número de peito de um amigo for hospitalizado e os familiares do titular original da inscrição, ao serem contatados, passarem a pensar que se trata do parente deles?

A Abraceo, a Associação Brasileira dos Organizadores de Corridas de Rua e Esportes Outdoor, apresentou à imprensa em 15 de outubro de 2024, terça-feira, uma campanha nacional a respeito de condutas irregulares de participantes. Ao longo das próximas semanas, a entidade reforçará: “Não se inscreveu, não pode ir”.

A cessão de número de peito está entre as práticas que contradizem regulamentos. Caso o participante não possa ir a uma prova, terá duas opções: entrar em contato com os organizadores solicitando troca de titularidade ou simplesmente não comparecer ao evento. Ceder – doar ou vender – número de peito acarreta complicações que não ficam restritas ao esporte: compromete a cobertura do seguro contratado pelas empresa organizadora. Como já foi dito, também pode resultar em avisos errôneos a familiares.

A entidade reforça ainda o combate aos “pipocas”, isto é, pessoas que correm sem estarem inscritas, nem sequer portando número de peito. A infração compromete o planejamento do evento, uma vez que as vias usadas ficam mais cheias do que o programado, colocando a segurança dos participantes em risco, além de aumentar a chance de faltar água, por exemplo.

CET bloqueia as vias do percurso da prova do Circuito Popular no centro (Esportividade)

O argumento mais usado por quem defende a “pipocagem” é o fato de as ruas serem públicas. Sim, elas o são, mas no momento do evento estão sob a responsabilidade de uma empresa que contratou (e pagou) o fechamento das vias para a realização da prova. Naquelas horas, então, a via pública está concedida aos organizadores do evento.

Assim como não há permissão para entrar na área de embarque de um aeroporto público sem passagem aérea, não se pode participar de uma corrida sem estar inscrito, com seu próprio nome, nela.

Comentários


  • Sou contra os pipocas mas os organizadores não ajudam os corredores!
    Dão desconto para quem se inscreve antes mas se por qualquer motivo você já sabe que não poderá participar não devolvem a inscrição, não permitem transferir (na maior parte dos casos) nem adiar para o ano seguinte.
    O mínimo que eles deveriam fazer era permitir o cancelamento (retornando em créditos, mesmo que cobrando uma taxa), a transferência de titularidade e / ou prova (a mesma em outro ano ou outra prova organizada por eles).

  • Dácio da Silva Barros disse:

    Tema interresante, 2 fatos que acho importantes para “combater” essa prática.

    Os organizadores precisam facilitar o cancelamento ou troca de titularidade, muitas vezes um corredor cede o número a outro, sem fazer alterações cadastrais, simplemente pela falta dessa opção junto ao organizador.

    E em relação a pipocagem, ao meu ver, tem muito impacto do valor das provas, 180, 250 reais numa prova é fora da realidade e acaba estimulando a prática.

    Mas a iniciativa é importante para aprofundar as discussões e debates.

  • Boa tarde. Sou o atleta DIVALDO de Jaboticabal, tem 76 anos de idade e 56 anos de corrida. Eu já perdi troféu em minha categoria pois alguém bem mais novo correu com o número de um atleta idoso
    . E acho também que é crime de falsidade ideológica.

  • Sheila Aparecida disse:

    Nossa rapidinho acharam como fazer a
    transferência agora baratear as corridas NGM quer.

  • Drika de Jesus disse:

    Diversas inscrições são vendidas com MESES DE ANTECEDÊNCIA. Imprevistos vão acontecer. Fato!

    Não fornecer a opção de CANCELAMENTO COM REEMBOLSO (ainda que parcial) nem a TROCA DE TITULARIDADE, favorece somente as empresas organizadoras, que saem LUCRANDO com os imprevistos dos atletas.

    Consequentemente, a falta dessas opções está gerando um MERCADO PARALELO, onde pessoas fazem diversas inscrições no PRIMEIRO LOTE e esperam ESGOTAR para venderem no preço do último lote.

    Antes de querer conscientizar, a ABRACEO deveria discutir a essas questões.

  • Jose Joaquim Rodrigues disse:

    Assunto difícil de ser resolvido.
    No meu ver sem solução.

    Ao ver que o essas com 30 , 40 anos correm com numeração de idosos acima de 60+.
    Precisa os corredores primeiro terem consciência para essa questão ser resolvida.
    E ter flexibilidade nos APP de corridas para se fazer transferência de titularidade com datas para isso.

  • Rodrigo disse:

    Se a intenção é promover o esporte então porque essa empresas cobram valores exorbitantes apenas para correr? O atleta amador só tem prejuízo nessa, porque compra seu tênis, paga uma academia ou instrutor, paga absurdos mas corridas e quem mais ganha nessa são as empresas que promovem o esporte. Que cobrassem o preço justo, mas 100. 200 reais por uma ou duas horas é um absurdo.

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