A saga das travessias aquáticas continua
Passado o trauma da primeira travessia – ansiedades, medos e receios –, já me sentia mais segura para fazer minha próxima travessia. Agora, já sabia que aguentaria chegar ao fim da prova e só me restava saber ao certo como seria sair com as outras competidoras, visto que na minha primeira prova eu perdi a largada e saí quase sozinha, sem vivenciar o tradicional empurra-empurra de largada.
A segunda prova aconteceu na praia da Enseada, no Guarujá. A minha categoria era a que mais tinha gente, mas, como todas as mulheres saem juntas, na hora da largada eu não sabia exatamente quantas meninas da minha categoria estavam ali… De touca e óculos todo mundo é igual, tem a mesma idade… E se bobear é do mesmo sexo… Não duvido de nada.
Largada dada, cotoveladas dadas, chutes dados… Pois é, um inofensivo nado peito vira um pé na cara, e por aí vai… Curso de defesa pessoal para quê, não é mesmo?
Mas a prova foi tranquila, consegui achar a boia (sem pedir informação, aplausos!) e consegui chegar bem. Peguei a sexta posição na minha categoria! Nessa etapa, minha categoria estava com 15 meninas. Peguei até um pódio (xis) pela primeira posição de segunda fase, que até hoje não faz o menor sentido para mim.
Funciona assim: As três primeiras meninas da categoria recebem troféu. A quarta e a quinta… Não (fué). A sexta, sétima e oitava recebem troféu de segunda fase. Confesso que isso não significou nada para mim… Vale mais em sexto do que em quarto?
Ser primeira da segunda fase? Sério? Ficou bonito na foto, mas eu queria mais. Eu sempre quero mais… Queria chegar ao pódio de primeira fase. Mas tudo bem. Eu estava feliz sim, havia conseguido chegar (que é o mais importante) e fiquei entre as seis primeiras da minha categoria. Os treinos estavam funcionando!
Eu estava pronta para a próxima! Tinha decidido fazer mais uma prova de 500 m – em setembro de 2012 – para, então, começar as de 1 km – em outubro de 2012.
No próximo mês – setembro de 2012 –, mais precisamente no dia do meu aniversário, aconteceria uma travessia na praia do Forte, em Bertioga. Quando o grande dia chegou, o mar estava um pouco mexido. Fomos fazer o aquecimento antes de começar a prova, a correnteza estava puxando bastante para o lado do canal e o mar estava bem raso até a primeira boia. Arrisco dizer que dava para fazer essa travessia correndo. Não eu, pois eu não sei correr, mas as pessoas normais, que sabem correr e tal, conseguiriam, se quisessem.
Dada a primeira largada – prova de 1000 m, o mar virou de vez. Os atletas foram jogados para o canal. Os nadadores que geralmente participam da categoria pinguim – em sua maioria bombeiros e guarda-vidas – foram resgatar as pessoas que foram puxadas para o canal. Meu psicológico entrou em crise, não sabia mais se eu queria que acontecesse a minha prova, que seria a próxima largada – belo presente de aniversário, ser resgatada por um bombeiro, pensei eu. Mas se a prova fosse rolar, eu participaria dela, e fosse o que Deus quisesse.
Eu já estava na linha de saída, esperando o sinal de largada, até que começou a rolar o (até então) boato, que a nossa prova não aconteceria. Dito e feito. Prova cancelada. Ufa?
Não era a primeira vez que isso acontecia na praia do forte em Bertioga; a organização errou de ter marcado a prova lá. Não devolveram o nosso dinheiro, nem deram desconto para a próxima travessia.
Eu concordo que, independentemente da prova não ter acontecido, eles tiveram as despesas de montagem da prova e que, portanto, seria complicado devolver o dinheiro de todo mundo ou abater na próxima prova, mas, sabendo que, nessa praia de Bertioga, isso acontece com frequência, por que foram marcar a prova de novo lá?
Saí desanimada. Mas não ia desistir. Próximo mês eu começaria a fazer a prova de 1 km.
E assim foi: outubro de 2012 – Canto do Indaiá. Inscrição para 1 km feita. Nessa etapa, decidi que não faria a prova dos 500 m. Achava que não aguentaria fazer as duas provas no mesmo dia. E assim, no dia da minha primeira prova de 1 km, minha ansiedade estava enorme, de novo, como se fosse a primeira vez que eu fosse fazer uma travessia.
Para o meu espanto, a prova de 1000 m é muito mais tranquila do que a de 500 m. A largada é o mesmo caos, mas, chegando à primeira boia, as meninas começam a dispersar e você passa uma boa parte da prova nadando sozinha, o que é mais difícil de acontecer na prova de 500 m, que é uma prova de velocidade, em que, se você não está na frente de todo mundo, você está nadando junto com a maioria.
Cheguei em terceiro lugar da minha categoria nos 1000 m. Meu primeiro pódio de verdade. Repito, eu não considero F2 (segunda fase) um pódio de verdade. Estava feliz! Estava cansada! E estava empolgada para começar a nadar 1000 m + 500 m em um único dia.
Meus braços doíam, mas eu achava que aguentaria fazer mais uma prova. Começava aí minha espera ansiosa para a próxima etapa.
Para o mês de novembro, última etapa do Circuito Paulista de travessias, eu precisava me inscrever nas duas provas (1000 + 500), pois em dezembro haveria a Fuga das Ilhas e eu precisava saber que eu aguentaria nadar 1500 m no mar em um único dia. Digo no mar, pois na piscina eu já estava fazendo bem mais do que isso.
E, assim, “bora” treinar que o tempo voa!
Sobre Gab Barreiros
Designer, cenógrafa e principalmente amante de esportes aquáticos.
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