São Silvestre-2019 tem menos ‘pipocas’, mais inscritos e apoio popular de sempre
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A Corrida Internacional de São Silvestre de 2019 foi a que visivelmente menos teve a participação dos “pipocas” – pessoas que correm sem estarem inscritas – nos anos mais recentes, resultado de uma campanha iniciada após a falta de água de três anos atrás e de novas medidas adotadas desde 2017.
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O limite de participantes foi aumentado de 30 mil para 35 mil em 2019; apesar de o percurso de 15 km estar obviamente cheio, não estava lotado, e correr (bem) foi possível já a partir da descida do Pacaembu.
A entrada de “pipocas” na área de largada foi dificultada, já que, pelo terceiro ano consecutivo, os atletas acessaram a avenida Paulista após passagem por zonas de controle montadas em travessas. Em 2019, o gradil foi estendido até o início da rua Major Natanael. É claro que alguns não inscritos participaram da 95ª edição da prova, mas bem menos que em anos anteriores.
A organização fortaleceu-se desde o incidente de 2016, e o kit pré-prova, incluindo café, macarrão e protetor solar, por exemplo, melhorou, mas a camiseta – muito parecida com a de 2017 –, o preço – R$ 197,50 – e a falta de frutas pós-corrida geraram reclamações.
Não é possível reclamar do clima da São Silvestre. Mais uma vez, os corredores (alguns deles correram fantasiados) e os espectadores deram um show à parte. Já no primeiro quilômetro, a passagem pelo túnel José Roberto Fanganiello Melhem foi de arrepiar. Os atletas gritaram e colocaram sentimentos para fora, e ali realmente a São Silvestre começou a mostrar por que é, há tanto tempo, um “rito de passagem” de ano.
Fazia calor, mas com temperatura abaixo de 30ºC, e todo o apoio popular era bem-vindo. Após a dura e quente subida do viaduto Orlando Murgel e a “interminável” reta da avenida Rio Branco, os corredores, enquanto viam cartões-postais do centro de São Paulo, tinham de guardar energia para o próximo grande desafio, a famosa subida da avenida Brigadeiro Luís Antônio, muito comentada nos quilômetros anteriores.
Desde o início da subida, os espectadores estavam lá para ajudar os corredores, fornecendo a eles desde apoio moral até copos de água. O ápice disso foi, outra vez, o km 14 (ou, segundo uma brincadeira, “41”, uma referência à “maratona de São Silvestre”), onde as pessoas que ali estavam entregavam cerveja para os corredores. Esse foi um incentivo a mais para percorrer o último trecho da Brigadeiro.
A curva à direita, dando acesso à avenida Paulista, representou a sensação de “eu consegui” – mesmo antes da chegada. Ao concluírem a prova, os atletas caminharam alguns metros para obter a tão bela, esperada e suada medalha.
O queniano Kibiwott Kandie venceu a 95ª São Silvestre após um sprint nos metros finais e ainda bateu o recorde da prova: 42min59s. Recordista mundial da maratona, a também queniana Brigid Kosgei foi campeã (48min54s).
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O que era uma corrida tradicional popular passou a ser um evento totalmente elitizado ao proibirem a entrada de pipocas. Afinal, qual setor da população tem condições de pagar 200 reais por pessoa pra correr? Hoje, vi centenas (arrisco dizer milhares) de corredores pipocas que ficaram sem correr. Pessoas que estavam ali apenas para utilizar-se de um espaço público para exercer uma atividade de lazer e comemorar a passagem de ano. Acompanho a São Silvestre há cinco anos e, desde as ações anti-pipocas que começaram em 2017, o clima geral do evento desmoronou. Muito menor auto-astral, muito menos gente fantasiada.
Também não permitiram o acesso à Av. Paulista nem para as pessoas que queriam ver seus familiares correndo e acompanhar a festa. Pessoas que viajar o Brasil inteiro (ou até mesmo vieram de fora do país) tiveram que permanecer nas ruas paralelas à avenida, sem visão. Tudo isso graças à (des)organização do evento.
Em uma corrida no último de ano na maior cidade do hemisfério sul, a organização dos últimos anos pode ser resumida em uma única palavra: vergonha.
Esse ano mataram a São Silvestre.