São Paulo - região metropolitana
Corrida de rua 29/08/2019

Impasse: corredores querem pagar menos; organizadores fecham as portas

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade

A SX2 é uma das empresas que não estão mais no mercado (Esportividade)

O momento do mercado da corrida no Brasil é de impasse. Apesar de o número de atletas não ter variado muito de alguns anos para cá, as empresas do ramo enfrentam dificuldades em 2019, e não são raros casos de desistência. As reclamações de que “as inscrições estão caras” são crescentes; organizadores, por sua vez, dizem que as contas não têm fechado. Existe, então, um entrave que impossibilita o reaquecimento.

Durante o Ticket Agora Summit de 14 de agosto, o site de inscrições apresentou dados alarmantes: ocorreu uma queda de 4,91% do número de eventos de corrida de rua abertos em 2018 na plataforma; ao mesmo tempo, houve aumento provas de montanha – 7,50% a mais que em 2017.

Outro número preocupante é o do abandono de mercado: 42,87% das empresas que abriram inscrições no Ticket Agora em 2015 não são mais atuantes em 2019.

Os custos de produção de um evento de corrida estão cada vez mais altos. Teoricamente, os organizadores teriam de repassar esse aumento ao público, mas, quando o fazem, perdem atletas. Quando não há o repasse, eleva-se o risco de prejuízo. Está difícil resolver essa equação.

Existem duas soluções tangíveis: a obtenção de mais patrocínios – para absorver o aumento dos custos e até garantir o lucro das empresas – e o crescimento do número de participantes.

Ambas só serão viáveis se o atleta perceber mais qualidade nos eventos. Caso contrário, continuará a achar “tudo caro”, e o patrocinador também não investirá um valor coerente, pois não verá vantagem no patrocínio e, em muitos casos, acabará optando por permutas – que são válidas, mas não garantem sustentabilidade financeira de uma empresa.

Como disse Eduardo Oliveira, gerente de marketing da Mizuno no Brasil, durante o TA Summit, o mercado running precisa de uma “nova revolução industrial” no país. Os eventos têm de ser repensados e mais inovadores. O “mais do mesmo” está com os dias contados.

Em 2019, raras são as corridas de rua que estão realmente cheias. Uma exceção é a da Mulher-Maravilha, mas isso tem mais a ver com a personagem da DC que com qualquer outra coisa. Não se sabe quanto a Yescom paga para a Warner, mas foi um “tiro certeiro” da empresa, que enxergou uma oportunidade e correu para aproveitá-la.

As companhias do setor sairão desse impasse quando atenderem aos anseios de seus consumidores. Se, neste momento, for “pagar menos” – com patrocinadores bancando parte do evento –, que assim seja, mas sempre dentro da lei e seguindo os procedimentos corretos.

Comentários


  • Paulo Eduardo Carvalho Moreira disse:

    Uma das causas também do boom dos aumentos no valor das inscrições nas corridas de rua na cidade de São Paulo veio, se não me engano a partir de 2002, quando a CET começou a cobrar dos organizadores o custo do serviço que eles prestam na interdição do trânsito. Na Grande São Paulo e interior isso não ocorre e podemos acompanhar que as inscrições nelas são muito menores e oferecem kits e estruturas tão boas quanto as daqui.

    • Esportividade disse:

      Sim, Paulo. O “custo CET” é alto. Para uma empresa organizadora montar um percurso de 10 km na região do Ibirapuera, tem de pagar R$ 20.292,65 à CET.

  • William disse:

    No Brasil (São Paulo – SP), é assim que funciona a “Lei de Incentivo ao Esporte.”

    Lamentável. 🙁

  • Edgar Machado disse:

    Se a conta não fecha para as organizadoras, imagina para o corredor que paga R$ 120,00 pra ganhar uma camiseta que custa R$ 10,00 no atacado, uma medalha que deve custar por aí também em atacado, ganha lá uns copinhos d’água, fruta…Busquem mais patrocinadores relevantes, divulguem bem as marcas destes, diminuam o valor da inscrição e vejam o boom de participantes!

  • Deixe seu comentário


    Enviando esse comentário estou ciente da política de privacidade deste SITE JORNALÍSTICO.