São Paulo - região metropolitana
Corrida de rua 14/04/2013

Relato de estreante: o que menos importa é superar adversários

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Momentos que antecedem a largada da Fila Night Race (Ricardo Moreno/Divulgação)

Momentos que antecedem a largada da Fila Night Race (Ricardo Moreno/Divulgação)

Quando recebi o convite para participar da primeira etapa da Fila Night Race, o aceitei imediatamente. Embora nunca tivesse feito uma corrida de rua, estava muito curioso para saber o que se passava durante a prova, como era lidar com o tráfego, qual era a sensação de finalmente cruzar a linha de chegada. A cobertura da Meia Maratona Internacional de São Paulo, em março, acentuou essa curiosidade. Quase um mês depois dela, foi a minha vez de competir, mas em uma distância menor, de cinco quilômetros, dentro da Universidade de São Paulo, no Butantã.

Na noite de 13 de abril, um sábado chuvoso em São Paulo, tudo era novo para mim. Eu nunca sequer havia corrido à noite. A fina chuva, que ia e voltava, também era um fator diferente. Na expectativa pela largada, que seria dada às 20h, comecei a pensar nas muitas corridas em karts de aluguel que eu havia feito desde a infância. A ansiedade pela autorização da partida era muito semelhante àquela do automobilismo amador: eu não via a hora de me aventurar pelas ruas da USP com mais de 2 mil pessoas. Segui à risca a orientação de não correr até não passar pela linha inicial de prova. Quando iniciei meu percurso, percebi que o que antes era similar com o kart se tornara totalmente distinto.

A todo momento eu ultrapassava e era ultrapassado sem que isso me animasse ou abatesse. No kart, mesmo para um novato, superar ou ser superado por um adversário é tão marcante que, após a prova, você se lembra exatamente da manobra. Na corrida de rua, a menos que você esteja na disputa pelos primeiros lugares, no pelotão de elite, isso não faz a menor diferença. Para começar, talvez a pessoa que está imediatamente atrás de você já esteja tecnicamente à sua frente, pois ela pode ter largado alguns segundos (ou até minutos) depois de vocês e, na correção dos tempos, pode já tê-lo superado. O que importa é seu próprio ritmo. O que se passa ao seu redor é apenas um cenário em que você tenta cumprir sua própria meta. Não se pode, porém, ignorar os outros corredores: é preciso ficar atento a todos os movimentos para evitar acidentes.

Algumas vezes, participantes incentivavam uns aos outros por meio de gritos de motivação. Conhecidos que corriam lado a lado trocavam informações entre si sobre tempo de prova e distância percorrida. Tal intercâmbio é, por motivos óbvios, inviável no kart. No último quilômetro (ou na última volta), no entanto, existe uma semelhança: você pode dar seu máximo caso ainda tenha condições físicas para isso.

A Fila Night Race representou para mim um novo significado da palavra “corrida”, que não necessariamente quer dizer “superar adversários”. Entretanto, de vez em quando, competir para valer no kart, mas de forma limpa, contra seus amigos também faz muito bem.

Comentários


  • Fernando Cícero dos Santos disse:

    Fazer parte do revestimento da fila Night Race e mas que uma aventura

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