Allianz Parque: arquiteto espera que fachada mexa com quem passa por lá
O arquiteto responsável pelo projeto do estádio palmeirense Allianz Parque, Edo Rocha, espera que a fachada em aço inox do estádio cause impacto não somente nos frequentadores do local: seja expressiva também para quem passa pelas ruas da redondeza do antigo Palestra Itália, na zona oeste de São Paulo. A instalação das placas começou em abril. Atualmente, elas já revestem o lado da rua Padre Antônio Tomás.
Edo Rocha disse à assessoria de imprensa da WTorre, construtora à frente das obras do estádio palmeirense: “A ideia foi criar um projeto com percepção de espaço que se tornasse referência na região e na cidade de São Paulo. Uma fachada imponente, única e inovadora que fosse percebida com impacto e emoção não só pelos frequentadores do Allianz Parque, mas por todas as pessoas que passam pela rua”.
Segundo a WTorre, a ideia da fachada, inspirada em um cesto de vime, surgiu para que o estádio não se perdesse entre os prédios vizinhos. O observador não tem distância para apreender em um olhar a forma da construção, já que o Allianz Parque está inserido em um espaço bastante limitado e cercado por construções de todos os lados. O aço inox dará à fachada inclusive um efeito óptico muito característico.
Edo Rocha optou pelo uso do aço inox, um material muito prático — ele se lava com a chuva —, mas mais caro que a solução inicial em aluzinc (liga especial de alumínio e zinco) pintado, pensado nas versões iniciais. Na verdade, a decisão de substituir o aluzinc por aço inox foi tomada ainda em 2011. De acordo com a WTorre, trata-se da primeira fachada de estádio feita com aço inox no mundo.
A maior diferença para as quatro versões anteriores foi o fato de as treliças de sustentação da cobertura não ficarem cobertas. Para Edo Rocha, seria um “crime conceitual” cobri-las. “Quando fiz o desenho inicial, eu ainda não tinha ideia de como as estruturas metálicas iriam ficar; por isso fiz o fechamento. Na arquitetura, se a estrutura é bem feita e bonita, deve ficar aparente. E elas ficaram lindas. Esse é o resultado da evolução do projeto”, contou.
A perfuração da fachada permite que a luz vaze do interior para o exterior e vice-versa. Isso cria um efeito de “optical art”, segundo Edo Rocha, com um efeito cinético inesperado. O projeto da iluminação aproveita, então, essa característica da fachada. Por outro lado, as perfurações permitem também que o vento circule pela construção, moderando a temperatura (a cobertura com telhas termoacústicas, por si só, dá uma diferença de cerca de 2ºC entre o interior e o exterior do Allianz Parque).
Parte interna
Rocha explicou também por que optou por usar três tons de verde nos assentos: “Resolvi mudar a mesmice de alguns estádios e pensei em várias manchas verdes invadindo a arquibancada. Por isso, serão usados três cores de verde nas cadeiras, quase como se fosse uma roupa camuflada”. Todas as cadeiras, confeccionadas em polipropileno de alto impacto e com suportes em poliamida reforçada com fibra de vidro, terão rebatimento automático, como em cinemas e teatros.
Leia também:
Reformulação de estádio palmeirense se assemelha em significado à de 33
Por que novos estádios continuam a ser estádios e não são “arenas”