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Diário de Ferro 12/02/2014

Dica de leitura: “Do que falo quando eu falo de corrida”

Por Maurício Ramos

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“As pessoas às vezes zombam de quem corre todo dia, alegando que é uma tentativa desesperada de viver mais. Mas não acho que esse seja o motivo pelo qual a maioria corre. A maioria dos corredores corre não porque queira viver mais, mas porque quer viver a vida ao máximo. Se você quer desfrutar os anos, é muito melhor vivê-los com objetivos claros e plenamente vivo do que numa bruma, e acredito que correr ajude a fazer isso. Forçar a si mesmo ao máximo dentro de seus limites individuais: essa é a essência de correr, e uma metáfora aplicável à vida – e, para mim, ao ato de escrever, também. Acredito que muitos corredores concordariam.”

Tão simples assim. Haruki Murakami, um dos autores japoneses mais famosos, faz precisamente isso, escreve, explica, em uma série de pequenos textos exatamente o que ele quer dizer quando fala de corrida.

Antes de se formar já era dono de um bar de jazz em Tóquio. Alguns anos após obter o diploma, resolveu que iria se tornar um escritor; assim, vendeu o seu bar para poder se manter, junto com sua mulher, enquanto escrevia. Durante esse tempo, e essa história é contada em um dos textos, ele resolveu que precisaria de uma atividade para melhorar sua condição física. E, novamente, em uma decisão rápida, resolveu parar de fumar dois maços de cigarro por dia e começou a correr. Um ano depois, correu, por conta própria, a distância entre Atenas e Maratona. De resto, todos nós que corremos podemos nos identificar em cada texto escrito.

Uma trajetória de vida baseada em escrever e correr, mais nada. Desde o início, o autor coleciona artigos sobre a corrida na sua vida ano a ano, mas desde o começo deixa claro: sofrer é opcional.

Com muita humildade e a sensibilidade necessária para usufruir ao máximo de cada passada, Murakami deixa claro que esse livro não é um livro de filosofia, mas, sim, um conjunto de lições de vida e lições pessoais que o próprio aprendeu desde o momento em que calçou seu tênis e foi para o asfalto. Lições que ainda não terminaram, mas que já deixaram sua mais importante lição, a de que sofrer é opcional. Não há nenhum segredo revelado, nenhum grande final, há apenas o mais essencial dentro de um corredor e de um escritor: quem ele é.

“Do que falo quando eu falo de corrida”, Haruki Murakami, editora Alfaguara.

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