2 anos de Esportividade e de proposta diferente de jornalismo esportivo
Após a vitória do São Paulo sobre o Corinthians por 2 a 0 e as três expulsões no clássico, programas de televisão passarão horas e horas nesta quinta-feira, 23 de abril de 2015, discutindo lances polêmicos do jogo, arbitragem, postura de jogadores, perspectivas para as oitavas de final da Libertadores. Os jornais noticiam a rodada e também tratam de fatos da partida, do que significa um resultado para um clube, de possíveis contratações, de como foram os treinos de outra equipe no dia anterior. Tudo isso é jornalismo esportivo, mas jornalismo esportivo não é só isso.
Não é possível, embora seja prática comum, considerar o jornalismo esportivo uma atividade em que somente a competição em si tem vez. Nem sequer a experiência de quem foi a um estádio está totalmente ligada ao que acontece dentro de campo. Na verdade, a partida é um componente do evento para o torcedor. Pode ser o principal, mas nem de longe é tudo. Por melhor que o clube pelo qual você torce tenha jogado, você não vai ficar muito feliz no momento em que perceber que, por exemplo, teve seu carro riscado na região do estádio.
O jornalismo esportivo deve se aproximar das pessoas – não se isolar em uma bolha dentro da qual parece que o que só importa são os resultados. Os próprios atletas profissionais têm mais a dizer que somente “o importante são os três pontos” e “vamos jogar para vencer”. Reproduzir os mesmos discursos de sempre é algo tão efêmero que logo fica datado e sem relevância. Vitórias e derrotas passam, mas boas histórias ficam e, por isso, devem ser contadas.
Não é mais cabível enxergar o esporte sem multiplicidade. Uma torcedor que viu no estádio uma partida de futebol no sábado pode ser o mesmo atleta que, no domingo, vai disputar uma corrida de rua. Ele é, assim, tanto espectador como praticante. E por que só 50% (o evento profissional em que ele esteve) disso deveria ser objeto do jornalista especializado em esporte? O fim de semana esportivo dessa pessoa é resultado dos dois momentos.
A “velha mídia” costuma rejeitar o “amador”. A cobertura da São Silvestre, prova pedestre mais famosa do país, por incrível que pareça ainda é baseada em quenianos x brasileiros, mas onde estão os quase 30 mil que participam da corrida não pela vitória em si? E por que a Virada Esportiva paulistana geralmente não sai no caderno sobre esporte de grandes jornais? O “amador” também pratica atividade esportiva, a qual representa para ele saúde, bem-estar, realização pessoal… Enquanto isso, observando a “velha mídia” ainda parece que só são esportistas aqueles jogadores do clássico – ninguém mais o é. Basta sair às ruas de São Paulo na manhã de domingo para que se veja o que também é esporte.
E esporte não é só futebol. Existem modalidades para diversos gostos e que podem ser igualmente interessantes aos espectadores e praticantes. Esporte é como música: é perfeitamente possível gostar de várias bandas sem que se tenha um sentimento de “traição”. Modalidades distintas podem ser praticadas ou vistas com paixão. Uma nova descoberta esportiva de repente muda a vida de alguém – e isso não é raro.
Há dois anos, que se completam hoje, 23 de abril de 2015, o Esportividade prioriza essa proposta de jornalismo esportivo que valoriza o espectador, o praticante e a “poliesportividade”.