Tênis: alto nível é fruto de, no mínimo, sete anos de treinamento sistemático

Menino joga tênis (Torrey Wiley)

Seja por influência dos pais ou simplesmente pelo gosto ao esporte, a maioria das crianças brasileiras tende a gostar e querer seguir alguns passos para jogar futebol. No entanto, uma parcela, maior do que se imagina, interessa-se por outras modalidades e, felizmente, o tênis é uma delas.

Começar a jogar tem seus percalços. Afinal, tênis, por exemplo, não está nas aulas de educação física da escola. Mas o bom sinal é que existem escolinhas especializadas no Brasil e para os pequenos e futuros tenistas.

Segundo a ITF (sigla de Federação Internacional de Tênis, em inglês), são precisos de sete a dez anos de treinamento sistemático para que o tenista comece a se desempenhar em alto nível. Os primeiros ensinamentos podem ser passados quando a criança tiver de seis a oito anos, mas permitindo que ela participe de diversas atividades – inclusive dança para trabalhar ritmo –, desenvolva-se e divirta-se. Há a necessidade de não mais do que duas horas e meia por semana de trabalhos físicos e uma hora e meia de atividades táticas (manter a bola em jogo, por exemplo).

Com nove ou dez anos a ITF já recomenda que os futuros tenistas compitam de fato, ainda que no próprio clube. É nessa fase em que se faz para a criança a introdução das estratégias de jogo. Também nela a criança começa a entender o que significam vitórias e derrotas, e os resultados devem ser colocados sob uma perspectiva saudável.

De 11 a 12 anos, quando a coordenação motora e a habilidade já estão bem encaminhadas e se desenvolvem estilo de ataque e estratégia, o foco deve estar em aprender e jogar bem, não exatamente em vencer, embora já se recomende competir regionalmente e nacionalmente, preferencialmente no saibro. Tenistas com 11 anos ou mais já se enquadram nas classes da Federação Paulista de Tênis (clique aqui e saiba mais).

É recomendado que mulheres deem início a um treinamento que valorize o desempenho quando tiverem de 12 a 14 anos; os homens, 13 ou 14 anos. Em média as mulheres atingem um nível top de desempenho entre os 16 e os 19 anos; os homens, de 18 a 21 anos.

Para Fernando Meligeni, o Fininho, o caminho para se profissionalizar é árduo, mas não muito diferente de outras profissões. “Tem de ter garra, treinar muito e ficar de olho nos campeonatos regidos pela ATP. A luta começa para tentar pontuar em algum deles”, disse.

Superar-se a cada dia

Para o ex-tenista, agora comentarista de TV, a profissionalização de quem realmente está interessado é um caminho natural. “Aos 18 anos o tenista é obrigado a tomar o rumo profissional ou amador. Para ser profissional, tem que começar pelo Future, tentar pontuar e aparecer no ranking. Nada funciona se não correr atrás, se não tiver um bom treinador e se não for persistente”, afirmou Fininho.

Jogar tênis exige do atleta habilidades motoras, cognitivas e emocionais. É fato que crianças em desenvolvimento podem aproveitar ao máximo a aprendizagem e direcionar suas funções apreendidas para o esporte.

Mas a vida de treinos é dura e arriscada. Se a criança não aprendeu a cair, por exemplo, pode ser complicado fazer com que ela se mova rapidamente em uma quadra. E isso exige superação constante para os pais e, principalmente, para as crianças.

Escolher bem os equipamentos para essa batalha é importante. É necessário verificar quais raquetes e quais bolas de tênis estão adequadas à idade e à movimentação das crianças para que não haja lesões e antecipação de fases.

“A pessoa tem de saber que sua vida vai mudar um tanto. São viagens, horas gastas em treinamentos pesados, alimentação regrada acompanhada e persistência. Tem de ter vocação natural para o esporte”, declarou Fininho.

Treinos e alimentação regrados   

Como em qualquer modalidade, para se profissionalizar no tênis é preciso treinar. Depois de você escolher uma boa escola e um treinador que lhe dê condições de seguir adiante, o importante é ter uma vida com normas, horários dedicados e alimentação saudável.

A ingestão de carboidratos leves antes, durante e depois das partidas é fundamental. No entanto, balancear a dieta com o auxílio de um nutricionista pode ser mais do que indicado. Ninguém vai comer uma feijoada antes de uma partida, certo? Em substituição, a ingestão de isotônicos, água e outros hidratantes é recomendada.

Para matar a fome, iogurtes, pães, massas podem ser consumidos duas antes horas do início do jogo. Mas sem abusos. No dia a dia, o recomendado é manter a dieta das quadras e ingerir vitaminas preferencialmente de alimentos naturais.

Meligeni lembra que só se alimentar corretamente não é suficiente. “Jogar tênis exige do atleta paixão, vocação e persistência. Sem esses pontos, nenhum atleta vai para frente”, finalizou Meligeni.